Congresso SBO 2024

Dados do Trabalho


Título

UVEITE POR TOXOPLASMOSE NO PACIENTE ONCOLOGICO EM QUIMIOTERAPIA

Resumo

Introdução. A Toxoplasmose ocular (TO), causada pelo Toxoplasma gondii, é a principal forma de retinocoroidite no mundo e no Brasil, sendo responsável por 85% dos casos de uveíte posterior. Após a resolução, a doença pode se manter latente, quando o protozoário se apresenta na forma bradizoita no organismo. Em caso de desregulação entre a replicação e a imunocompetência do paciente pode haver reativação do quadro.
Descrição do relato de caso. Paciente feminina, 64 anos, refere alergia a sulfonadas e início há 5 dias de embaçamento visual em olho esquerdo (OE) logo após quimioterapia para câncer colorretal. Ao exame apresentava acuidade visual sem correção (AVSC) em olho direito (OD) 20/20 e OE 20/40. Em fundoscopia (FO) mostrou lesão exsudativa associada a vitreíte próxima a lesão primária cicatrizada em região temporal superior em OE. Com isso, foi iniciado clindamicina 300mg de 6 em 6 horas por 30 dias, pirimetamina 25mg uma vez ao dia, ácido folínico 15mg em dias alternados e Prednisona 20mg uma vez ao dia e solicitado sorologia que demonstrou IgG reagente e IgM inconclusivo para a doença. Após 27 dias de tratamento a lesão estava com bordos pigmentados e delimitada associada de AVSC em OD e OE de 20/20. Contudo, foi mantido a antibioticoterapia por mais 10 dias após a suspensão da corticoterapia tópica por melhora da vitreíte.
Discussão. A imunossupressão, seja de origem patológica ou medicamentosa pode levar à reativação da toxoplasmose. O diagnóstico é feito através da FO para avaliação das lesões, sendo visualizado na maioria dos casos lesão exsudativa próximo a área cicatrizada pregressa associado a exames sorológicos (IgG e IgM). O tratamento padrão-ouro combina Sulfonamidas e Pirimetamina por no mínimo 30 dias, com ácido fólico em dias alternados. Para os pacientes alérgicos às sulfonamidas, é feito o de segunda escolha, com o uso de Clindamicina e Azitromicina mantendo as demais medicações. Pela imunossupressão o tempo do tratamento irá de acordo com a necessidade de cada caso, assim como a avaliação de profilaxia.
Conclusão.O diagnóstico e tratamento precoce são de suma importância para o manejo da TO em pacientes imunossuprimidos, tendo em vista a recuperação e a manutenção da visão desses pacientes. Portanto, é necessário o acompanhamento regular e individualizado desses pacientes com a possibilidade de manejo multidisciplinar.

Referências Bibliográficas

1. Fernández Zamora Y, Marinho PM, Dias JRO, Cabral T, Casoy J, Muccioli C, et al. Long-Term Low-Dose Pyrimethamine Use for the Prevention of Ocular Toxoplasmosis Recurrences: A Cohort Study. Ocul Immunol Inflamm. 2024 Mar 5:1-6.
2. Sociedade Brasileira de Uveites e Inflamações Intra-oculares. Diretrizes de Diagnóstico e Tratamento das Uveites Infecciosas Toxoplasmose Ocular. 2020.
3. Aleixo FS, Vasconcelos FF, Aparecida JD, Soares H, Júnior RSLJ, Garcia-Zapata MTA. Avaliação do efeito de medicamentos imunossupressores na reativação de toxoplasmose crônica murina. Rev de Patol Trop. 2012; 41(2): 169-178.
4. Muccioli C, Silveira C, Júnior RB. Toxoplasmose Ocular. Editora Fiocruz. 2014; 181-196.

Área

UVEÍTES (trabalhos)

Categoria

Pôster Eletrônico

Instituições

UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS - Minas Gerais - Brasil

Autores

JULIA BOTELHO LACERDA, LUISA SCARPA GUIMARAES , MARIA CLARA DOS SANTOS NOEL , FELIPE ALVES BOTELHO