Dados do Trabalho

Título

CORIORRETINOPATIA SEROSA CENTRAL AGUDA SOB USO DO MESILATO DE IMATINIBE: RELATO DE CASO

Resumo

INTRODUÇÃO: O mesilato de imatinibe (imatinibe), pertencente à classe dos inibidores da tirosina quinase, é a principal droga utilizada no tratamento da leucemia mieloide crônica (LMC). Os efeitos adversos oculares da medicação incluem edema periorbitário (principal), epífora, blefaroconjuntivite, ptose, hipertensão ocular, hemorragias retinianas e edema do disco óptico.

OBJETIVOS: Descrevemos uma apresentação de CSC aguda sob uso do imatinibe.

MÉTODOS: Análise de prontuário e revisão da literatura em base de dados eletrônica.

RESULTADOS: Homem, 33 anos, vigia noturno, encaminhado ao ambulatório de Oftalmologia por queixa de baixa progressiva da acuidade visual à direita desde o mês anterior. O paciente havia sido diagnosticado com LMC, iniciando tratamento com imatinibe (400 mg/dia) cerca de três meses antes. Negou uso de corticosteróides durante o tratamento hematológico ou antes deste.
Ao exame oftalmológico, apresentava acuidade visual de 20/40 no olho direito (OD) e 20/20 no olho esquerdo (OE), pressão intra-ocular normal em ambos os olhos e exame do segmento anterior sem alterações. A fundoscopia evidenciava elevação arredondada da retina macular (incluindo fóvea) no OD e elevação frustra da retina temporal à mácula no OE.
Realizada avaliação multimodal com autofluorescência, angiografia fluoresceínica e tomografia de coerência óptica swept-source (SS-OCT) de mácula, sendo estabelecido o diagnóstico de CSC aguda com descolamento da retina neurossensorial macular à direita.
Optamos pela observação durante um período de dois meses, após o qual não houve resolução do quadro. Dada a demanda de recuperação visual precoce pela condição de vigia e a impossibilidade de suspensão ou substituição do imatinibe para tratamento sistêmico, foi realizada fotocoagulação focal na arcada temporal superior do OD com laser de argônio, guiada pela AF, com resolução do descolamento.

CONCLUSÃO: Os descrições de CSC aguda pelo imatinibe na literatura são excepcionalmente raras. Apesar disso, a medicação não deve ser descartada como desencadeante, sobretudo quando o tempo desde o início da quimioterapia é compatível com a clínica apresentada. Diante da suspeição do quadro, a análise ocular multimodal com autofluorescência, AF e OCT macular é de grande valia para o diagnóstico e terapêutica precoces.

Referências Bibliográficas

1. Fraunfelder FW, Solomon J, Druker BJ, Esmaeli B, Kuyl J. Ocular side-effects associated with imatinib mesylate (Gleevec). J Ocul Pharmacol Ther. agosto de 2003;19(4):371–5.
2. Mishra S, Kumar A. Acute central serous chorioretinopathy — an uncommon complication of imatinib mesylate (imatinib) therapy in chronic myelogenous leukaemia. Ophthalmology Journal. 6 de fevereiro de 2020;5(0):8–11.