Congresso SBO 2024

Dados do Trabalho


Título

UM CASO DE CERATITE ESTROMAL NECROSANTE HERPETICA

Resumo

As ceratites herpéticas ocasionadas pelo Vírus Hepes Simples (HSV) podem gerar acometimento das diversas camadas corneanas. Um tipo de acometimento menos frequente é a ceratite estromal necrosante (CEN). Nestes, ocorre invasão estromal por infecção ativa, o que desencadeia intensa atividade inflamatória. Apresenta-se em geral com úlcera corneana, necrose e densa infiltração estromal de córnea. 1, 2
Paciente masculino, 76 anos, com quadro prévio de lesão corneana herpética tratada em outro serviço. Relatou dor ocular, hiperemia conjuntival e lacrimejamento em olho direito (OD) com 5 dias de evolução. À avaliação, acuidade visual de movimento de mãos em OD. À biomicroscopia: presença de blefarite superior, hiperemia conjuntival 4+/4 associado a injeção ciliar, neovascularização periférica superficial em região superior e inferior da córnea, opacificação corneana difusa até camada estromal, presença de anéis de Fleisher em região paracentral inferior e região temporal superior e inferior, lesão ulcerada corneana paracentral superior com acometimento até região estromal, corando com fluoresceína, cerca de 6 x 3 mm de extensão. Com esta avaliação, presumido diagnóstico de ceratite estromal necrotizante por HSV.
Iniciado tratamento com aciclovir oral em dose terapêutica (2g ao dia), moxifloxacino colírio em dose profilática e lubrificante sem conservantes. Evoluiu com reepitelização corneana após 5 dias. Após isso, optado por inserir corticoide tópico para controle de resposta inflamatória, mantendo aciclovir durante todo o tempo, apenas com troca para dose profilática após melhora. Conduta foi mantida por cerca de 30 dias, com desmame progressivo de corticoterapia. Ao final do tratamento, paciente com resolução de sintomas queixados, apresentando melhora de opacificação corneana, fechamento de úlcera corneana com bordos elevados e presença de pooling corado com fluoresceína.
Os casos de CEN apresentam benefício de uso de corticoesteroide tópico quando não há lesão epitelial ou quando esta foi resolvida. Ele reduz o tempo para recuperação e a intensidade de cicatrização. Já o antiviral em dose terapêutica apresenta melhora de acuidade visual a longo prazo. 1, 3 Existe ainda o benefício na prevenção de reativações com uso de antiviral profilático a longo prazo. 4
Este caso raro de ceratite herpética estromal necrosante demonstra o benefício da indicação de antiviral e corticoterapia em seus momentos precisos. Levando a melhora significativa no quadro do paciente.

Referências Bibliográficas

1. FREITAS D, ALVARENGA L, LIMA ALH. Ceratite Herpética. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia. Vol 64: 81–6 p. 2001. Disponível em: https://www.scielo.br/j/abo/a/yBBVvhfHCBZ9JmsNPF8qh9y/. Acessado em: 14/05/2024 às 20:32h
2. AUSTIN A, LIETMAN T, ROSE NUSSBAUMER J. Update on the Management of Infectious Keratitis. Ophthalmology. Vol 124 (11): 1678–89 p. 2017. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5710829/. Acessado em 12/05//2024 às 18:47h.
3. AL-DUJAILI LJ, CLERKIN PP, CLEMENT C, MCFERRIN HE, BHATTACHARJEE PS, VARNELLl ED. Ocular herpes simplex virus: how are latency, reactivation, recurrent disease and therapy interrelated? Future Microbiology. VOL 6 (8): 877–907 p. 2011. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3403814/. Acessado em: 10/05/2024 às 18:58h.
4. Herpetic Eye Disease Study Group. Acyclovir for the prevention of recurrent herpes simplex virus eye disease.. N Engl J Med. Vol 339 (5): 300-6 p. 1998. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/9696640/. Acessado em 11/05/2024 ás 21:08h.

Área

CÓRNEA (trabalhos)

Categoria

Pôster Eletrônico

Instituições

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTÔNIO PEDR - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

THALYTA CAROLLINA SANTOS SERRA, JAMIL AUGUSTO CARVALHO DAHER, ANA CAROLINA VIEIRA, MARIANA SCAPELLATO GONTIJO, FELIPE VAZ DE PAULA, CARLOS EDUARDO GAUDARD FLORIDO