Congresso SBO 2024

Dados do Trabalho


Título

EDEMA PAPILAR BILATERAL PÓS DENGUE: RELATO DE CASO

Resumo

Introdução:

O envolvimento neurológico pela dengue pode ocorrer durante ou após a fase aguda da doença, sendo, possivelmente, efeito de infecção viral direta e fenômenos imunomediados.
Dentre as manifestações, as oculares ocupam espaço de importância, sendo as mais comuns: dor retrorbitária, hemorragias retinianas ou subconjuntivais. Neurite óptica, maculopatia óptica, efusão coroidal, manchas de Roth e vasculite são mais raras e merecem atenção ao exame físico.

Descrição:

RTB, masculino, 62 anos, com queixa de embaçamento visual e moscas volantes bilaterais há 1 dia. Diagnóstico de dengue há 1 semana - NS1 e IgM positivos.
Acuidade visual (AV) com correção: 20/25 em ambos olhos (AO).
À fundoscopia: papila com borda mal definida e edema de disco óptico (DO), com células no vítreo AO.
Pela suspeita de neurite foi encaminhado para avaliação da Neurologia. Realizado PCR e Tomografia de Crânio, dentro da normalidade, plaquetas de 91.000, sem mais achados. Iniciado pulsoterapia.


IMAGEM 1- Retinografia com edema de papila AO.

Paciente evoluiu com melhora do embaçamento visual, AV 20/20 AO e regressão do edema papilar 14 dias após o primeiro sintoma.

Discussão:

A dengue é uma arbovirose, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que pode ser causada por 4 sorotipos. As alterações oculares advindas da doença se manifestam bilateralmente em 73% dos casos e o tempo de início desses sintomas varia de 2 dias a 5 meses a partir do início da febre - maioria em 7 dias após o início desta.
A neurite óptica é um processo inflamatório, infeccioso ou desmielinizante do nervo óptico que pode se manifestar como papilite - hiperemia e edema do DO.
O prognóstico visual é bom e a recuperação espontânea pode ocorrer dispensando tratamento na maioria dos pacientes. O uso de corticóide oral é uma opção de tratamento na refratariedade - pelo componente imunológico - podendo beneficiar pacientes com baixa AV, sintomas progressivos e lesões em DO ou mácula.

Conclusão:

As manifestações neurológicas da dengue são raras e é necessária avaliação minuciosa e vigilância ativa baseada na clínica do paciente.
Neste caso havia teste positivo para dengue, sem outra causa aparente de neurite. A resolução espontânea fala a favor de uma neurite parainfecciosa - vírus da dengue.
É recomendado, principalmente em casos graves, que se realize fundoscopia, para detecção precoce e manejo apropriado.
Mesmo o prognóstico sendo bom e autolimitado, há relatos de escotomas centrais que podem persistir por meses.

Referências Bibliográficas

https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0039625714001672
https://www.scielo.br/j/abo/a/CWq5cgZZc5YpDWVmgfcKLsd/
https://eoftalmo.org.br/Content/imagebank/pdf/v5n1a04.pdf
https://www.annsaudimed.net/doi/full/10.5144/0256-4947.2012.30.4.1105

Área

NEUROFTALMOLOGIA (trabalhos)

Categoria

Pôster Eletrônico

Instituições

HOSPITAL DE OLHOS C.R.O - GUARULHOS - São Paulo - Brasil

Autores

GABRIELA EGEA ALVARO DO NASCIMENTO, MARCELO MASTRONOMICO LUI, LUCIANO RABELLO CIRILLO, JULLIANA RIBEIRO ASSUNÇÃO , RICARDO BELTRAMI MASTROMONICO LUI, ANARY ISIS ROSSI MARTINS MOREIRA, MARIA VITORIA VICENTE CARDOSO, LARISSA CARDOSO LUCENA, LETICIA CARDOSO LUCENA