Congresso SBO 2024

Dados do Trabalho


Título

RELATO DE CASO: CLORPROMAZINA VERSUS CATARATA ESTRELADA

Resumo

INTRODUÇÃO
A catarata, ou seja, a perda de
transparência do cristalino, é uma patologia
que aumenta a incidência com o passar da
idade (6). Porém, o uso de Clorpromazina
pode antecipar tal distúrbio (2). Além disso, é
possível a apresentação de uma forma mais
rara, a catarata estrelada (4), tal qual
demonstrado no caso relatado.
RELATO DE CASO
Paciente do sexo masculino, branco,
43 anos, procurou o departamento de retina
do serviço da Unidade Paulista de
Oftalmologia (UPO) com queixa de baixa
acuidade visual gradual e progressiva em
ambos olhos.
História pregressa de esquizofrenia.
Em uso de Clorpromazina 400 mg/ dia há 10
anos, Risperidona, Ácido Valpróico, Haldol,
Fenergan, Biperideno e Pregabalina. Negou
antecedentes oftalmológicos e cirúrgicos.
À biomicroscopia óptica de ambos
olhos, o paciente apresentou cílios tópicos,
conjuntivas claras, córneas transparentes,
com diâmetro e espessuras normais, câmara
anterior formada, sem reação inflamatória,
pupila redonda e centrada, linhas de sutura no
cristalino assumindo formato de estrela e
pigmento endotelial.
DISCUSSÃO
A Clorpromazina é um fármaco de
primeira geração utilizado em doenças
psiquiátricas, principalmente esquizofrenia (1).
Entretanto, apresenta risco de alterações
oculares, tais quais a alteração pigmentar da
córnea e a opacificação do cristalino (2). Estas
alterações desenvolvidas são irreversíveis,
mesmo com a interrupção do uso da
medicação (7).
A relação entre a medicação e o
desenvolvimento de catarata é tempo e dose
dependente (4). Com isso, doses acumuladas
acima de 500 gramas podem gerar
pigmentação do cristalino (8).
Sendo assim, o desenvolvimento de
catarata a partir do uso prolongado do
fármaco é um evento possível. Tal patologia
pode-se apresentar de maneira diferente, a
partir da catarata estrelada - depósito de
pigmentos granulares, opacos e distribuídos
em padrão estrelado (3).
Pacientes que apresentem alterações,
porém assintomáticos, podem continuar com a
dose de Clorpromazina sem alterações.
Porém, no caso de desenvolvimento de
sintomas, a medicação deve ser alterada em
sua posologia ou classe (7).
CONCLUSÃO
O uso contínuo e prolongado de
Clorpromazina pode levar a alterações da
lente ocular. A medicação empregada em
tratamento psiquiátrico se relaciona ao
aumento de casos de catarata. Sendo assim,
o caso identifica a importância da avaliação
oftalmológica periódica em pacientes usuários
do fármaco, além do cuidado com a posologia
e o tempo de exposição ao mesmo.

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Área

RETINA (trabalhos)

Categoria

Pôster Eletrônico

Instituições

UNIDADE PAULISTA DE OFTALMOLOGIA - São Paulo - Brasil

Autores

MARIA CAROLINA MIANO SELBACH, CELSO AUGUSTO NASCIMENTO QUERIDO, ANA ALICE CONCER, RAFAEL ARMINIO SELBACH JUNIOR, PEDRO PAULO CUNHA CONCER