Dados do Trabalho

Título

O impacto na qualidade de vida de uma criança com ceratoconjuntivite alérgica crônica: relato de caso

Resumo

INTRODUÇÃO: A ceratoconjuntivite alérgica (CA) crônica é uma resposta inflamatória conjuntival, podendo ser IgE mediada, não contagiosa, desencadeada pelo contato com alérgenos exógenos. As manifestações clínicas variam conforme a intensidade da reação de hipersensibilidade e, destacam-se o prurido ocular, fotossensibilidade, ardência, sensação de corpo estranho e lacrimejamento, fatores que impactam significativamente na qualidade de vida do paciente(3). À biomicroscopia, podem-se notar papilas palpebrais tarsais, injeção ciliar, quemose e ceratite puntata. Em casos graves, há possibilidade de evoluir com ceratocone, haze corneano e catarata, com comprometimento da acuidade visual. DESCRIÇÃO DO RELATO DE CASO: Paciente, 11 anos, sexo masculino, há 3 anos apresentando quadro persistente de fotossensibilidade, ardência, dor, prurido em ambos os olhos com piora à noite. Refere necessidade de uso de óculos escuros, afastamento escolar e impossibilidade de realizar atividades de lazer da infância. Em acompanhamento com médico alergista e com indicação de imunoterapia, tendo já realizada uma sessão, informa uso prévio de colírios anti-inflamatório, anti-histamínico e medidas de controle ambiental, sem remissão total dos sintomas. Ao exame físico, criança apresentou dificuldade para abertura ocular, papilas em conjuntiva tarsal, ceratite puntata, injeção ciliar e epífora. O quadro foi compatível com ceratoconjuntivite alérgica e foi prescrito esquema de corticóide oral com Prednisolona em desmame, anti-histamínico ocular e ciclosporina tópica (Restasis). Solicitaram-se exames para rastreio de ceratocone com resultados não sugestivos da doença. Realizou retorno após um mês, com melhora significativa dos sintomas prévios, com orientação de seguimento interdisciplinar entre oftalmologista e alergologista. DISCUSSÃO: A cronicidade da doença é considerada debilitante ao paciente, visto que prejudica a acuidade visual, a qualidade do sono e desencadeia problemas emocionais. Além disso, compromete atividades diárias e de lazer, repercutindo negativamente sobre o desempenho escolar e convívio social. CONCLUSÃO: Embora sua ocorrência seja comum, a CA, muitas vezes não tem tratamento eficaz instituído. Portanto, o diagnóstico e tratamento precoce são imprescindíveis para uma evolução favorável do quadro, evitando graves complicações como o ceratocone e o transplante de córnea e assim, minimizando possíveis efeitos prejudiciais ao desenvolvimento da criança.

Referências Bibliográficas

Botelho PB de M, Marback P, Sousa LB de, Campos M, Vieira LA. Ceratoconjuntivite alérgica e complicações no segmento ocular anterior de pacientes. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia [Internet]. 2003 Jan 1;66:25–8. Available from: https://www.scielo.br/j/abo/a/gRXtcqThhwZ9bDv67FHG9pw/?lang=pt

Geraldini M, Neto HJC, Riedi CA, Rosário NA. Epidemiology of ocular allergy and co-morbidities in adolescents. Jornal de Pediatria (Versão em Português). 2013 Jul;89(4):354–60.

Marback PMF, Freitas D de, Paranhos Junior A, Belfort Junior R. Aspectos clínicos e epidemiológicos da conjuntivite alérgica em serviço de referência. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia. 2007 Mar;70(2):312–6.

Moraes Neto R, Bordignon G, Flügel NT, Okuyama VT, Rosário CS, Serpe CC, et al. Evaluation of corneal tomography in children and adolescents without ocular or systemic allergy. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia [Internet]. 2022 Jul 18 [cited 2024 May 20];87:e2021.

Moscovici BK, Cesar AS, Nishiwaki-Dantas MC, Mayor SAS, Marta AC, Marques JC. [Atopic keratoconjunctivitis in patients of the pediatric dermatology ambulatory in a reference center]. Arquivos Brasileiros De Oftalmologia [Internet]. 2009 Nov 1 [cited 2021 May 30];72(6):805–10. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20098903/

Ronconi CS, Issaho DC, Ejzenbaum F, Hopker LM, Solé D, Chong-Neto HJ, et al. Brazilian guidelines for the monitoring and treatment of pediatric allergic conjunctivitis. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia. 2022;85(4).