Congresso SBO 2024

Dados do Trabalho


Título

AVALIAÇAO DA PROGRESSAO DE COMPLICAÇOES VISUAIS ASSOCIADAS A INFECÇAO POR TREPONEMA PALLIDUM: UM ESTUDO DE CASO

Resumo

INTRODUÇÃO
A sífilis ocular é uma manifestação da infecção por Treponema pallidum que pode resultar em complicações visuais graves. A falta de reconhecimento e tratamento imediato podem levar a danos irreversíveis.
DESCRIÇÃO
L.C. L., feminino, hipertensa, história de obscurecimento visual de intensidade progressiva e escotoma central. Em 10 dias, evoluiu com episódio único de amaurose súbita bilateral, duração de 10 minutos, seguido de piora da acuidade visual (AV) e fotopsias. Ao exame, edema de papila bilateral difuso e hiperêmico. Tomografia de coerência óptica (OCT) confirmou o edema difuso, associado a descolamento seroso peridiscal e relativa preservação das células ganglionares da retina. Ademais, edema do epitélio pigmentado da retina com área de hipossinal localizada. À angiofluoresceinografia (AFG), flebite difusa em arcadas vasculares e extravasamento microcapilar distal. Ressonância magnética evidenciou aumento de sinal nas porções intracanaliculares de ambos os nervos ópticos e quiasma (T2 e FLAIR), bem como captação de contraste e aumento de sinal da porção intracanalicular bilateralmente e em quiasma óptico. A AV da paciente de 20/800 em ambos os olhos inviabilizou a campimetria computadorizada.
A infecção por Treponema pallidum foi verificada, com resultado positivo no teste sorológico VDRL e confirmada por análise do líquor. O tratamento incluiu Penicilina G Cristalina seguida de corticoterapia oral. A paciente evoluiu com recuperação parcial e seguiu em reabilitação visual.
DISCUSSÃO
A sífilis deve ser considerada na avaliação de manifestações oculares, particularmente em casos de uveíte e neurite óptica. Recomenda-se a realização de testes sorológicos em todos os casos atípicos, a fim de assegurar diagnóstico e tratamento precoces. Todos os pacientes diagnosticados com sífilis que apresentem manifestações oculares devem ser imediatamente tratados para neurossífilis e encaminhados para avaliação oftalmológica, com intuito de evitar complicações sérias, como a perda irreversível da visão.
CONCLUSÃO
Por se tratar de condição prevalente e potencialmente tratável, o oftalmologista e o neurologista devem habituar-se aos achados típicos da neurossífilis. Uma análise multimodal seriada da retina, com retinografia, AFG e OCT, pode acrescentar informações prognósticas e lançar luz sobre as alterações microestruturais do polo posterior do olho, em conjunto com a investigação clássica, que inclui neuroimagem, marcadores séricos e análise de líquor.

Referências Bibliográficas

1. Bursztyn L, Schulz DC, Stewart BK, et al. Ocular Syphilis Is Back in the Picture. Can J Ophthalmol. 2021;56(5):283-293.

2. Oliver SE, Aubin M, Atwell L, et al. Ocular Syphilis — Eight Jurisdictions, United States, 2014–2015. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2016;65(43):1185-1188.

Área

NEUROFTALMOLOGIA (trabalhos)

Categoria

Pôster Eletrônico

Instituições

Hospital da Criança José Alencar - Distrito Federal - Brasil

Autores

ISABELA PORTO SILVA COSTA, NATANAEL DE ABREU SOUSA