Dados do Trabalho

Título

RELATO DE CASO: CERATITE ADVERSA SECUNDARIA AO USO IRRACIONAL DE ANTI-INFLAMATORIO

Resumo

Introdução: A ceratite, inflamação da córnea, pode ser desencadeada por diversas causas, desde infecções até reações adversas a medicamentos, como Anti-Inflamatórios Não Esteroidais (AINEs), comuns para o alívio do desconforto ocular pós-operatório. Entretanto, o uso imprudente e descontrolado desses fármacos pode culminar em sérias complicações, inclusive a ceratite, uma condição que ameaça irreversivelmente a visão. Descrição do caso: Paciente, 42 anos, sexo feminino, apresentou-se à consulta oftalmológica queixando-se de dor ocular intensa, sensação de corpo estranho, vermelhidão e diminuição da acuidade visual à direita. Refere uso frequente de solução oftálmica à base de diclofenaco, sem prescrição médica, para aliviar desconforto ocular leve após longas jornadas de trabalho em frente ao computador. A biomicroscopia realizada revelou infiltrados corneanos em forma de mancha difusa, compatíveis com ceratite. O Teste de Fluoresceína demonstrou defeitos epiteliais puntiformes na córnea. Optou-se pela suspensão imediata do medicamento. Para reduzir a inflamação corneana na ceratite não infecciosa, foi prescrita terapia tópica com prednisolona acetato solução oftálmica, colírio lubrificante e antibióticoterapia de amplo espectro. Após duas semanas de tratamento, houve regressão dos infiltrados corneanos e recuperação parcial da acuidade visual. O prognóstico foi favorável, e a paciente foi instruída a manter o acompanhamento oftalmológico para garantir uma recuperação completa da saúde ocular. Discussão: A ceratite induzida por AINEs é um efeito adverso muitas vezes subestimado por profissionais de saúde não especializados em oftalmologia. O diclofenaco, por sua ampla disponibilidade e reconhecimento como agente anti-inflamatório eficaz, é muitas vezes utilizado sem supervisão médica apropriada, expondo os pacientes ao risco de complicações oculares graves. Conclusão: A ceratite induzida por diclofenaco sublinha a necessidade de uma abordagem mais criteriosa na prescrição e no uso de AINEs tópicos, bem como a importância de uma avaliação oftalmológica detalhada diante de sintomas oculares adversos. O cuidado consciente e responsável dos profissionais de saúde é essencial para evitar danos irreparáveis à visão e garantir a segurança ocular dos pacientes.

Referências Bibliográficas

Maticorena-Quevedo, J., Patiño-Valderrama, L., & Arellano-Caro, K. (2023). Uso de colistina tópica em ceratite bacteriana causada por Pseudomonas Aeruginosa extensivamente resistente a medicamentos: relato de caso. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, 86(4), 384-387.
Moraes, M. C. (2021). Nanotecnologia aplicada ao desenvolvimento de medicamento oftálmico a partir do óleo essencial de Rosmarinus Officinalis L. REVISTA CIENTÍFICA DA FAMINAS, 16(2).
Wahab, S. A., Moreira, H., Buquera, M., Moreira, L., Daros, A. C., & Oliveira, C. S. D. (2005). Investigação experimental da utilidade da medicação no pós-operatório em cirurgia refrativa. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, 68, 223-227.