Dados do Trabalho
Título
DESAFIOS NO MANEJO DA CERATITE FUNGICA: UM RELATO DE CASO
Resumo
INTRODUÇÃO
A ceratite fúngica é uma doença grave, sendo os fungos filamentosos os principais patógenos em zonas tropicais (1). A demora no diagnóstico ou falha terapêutica podem levar a casos severos, capazes de evoluir para amaurose. Mesmo após avanços científicos, ainda há dificuldade em seu manejo.
DESCRIÇÃO DO CASO
Paciente masculino, 20 anos, chega à emergência com desconforto e irritação em olho esquerdo (OE) há 7 dias após contato com corpo estranho. Nega outras queixas oculares. Ao exame, injeção ciliar difusa com abrasão de 2x2mm de córnea com reação de conjuntiva em OE. Foram prescritas medicações e agendado o retorno. Após 5 dias, manifesta conjuntiva hiperemiada, lesão em córnea paracentral de 4mm com fundo limpo e câmara anterior (CA) ampla sem reação. Durante seguimento, evidenciou remissão do quadro de úlcera. Passados 3 dias, revelou leucoma pericentral em córnea de OE, depósito de flúor discreto, presença de hipópio em CA e lesão de córnea progredindo para 6x4mm. Após 1 mês da consulta inicial, lesão em córnea evoluiu para 8mm com fundo purulento e leucoma. Devido à piora do quadro, realizou-se cirurgia de urgência. No intraoperatório, foi empregada abordagem que reduz a toxicidade epitelial e melhora a penetração da anfotericina B (AB), otimizando seus benefícios terapêuticos (2). Nesse contexto, administrou-se AB de forma intraestromal (5 u/0,1 mL) e intracameral (10 ug/0,1 mL). Realizado o transplante, o paciente relatou melhora na dor e na acuidade visual, permanecendo sob vigilância médica enquanto aguarda resultado histopatológico.
DISCUSSÃO
A suspeita de endoftalmite fúngica surge a partir da clínica, especialmente da diminuição súbita da acuidade visual, e de fatores de risco, como trauma ocular, a exemplo do caso em questão (3). Para o estabelecimento do diagnóstico, amostras de humor vítreo ou aquoso devem ser submetidas à coloração e à cultura (4). No referido relato, a hipótese diagnóstica foi aventada a partir da progressão sintomática, necessitando da confirmação histopatológica em andamento. Vale ressaltar que apesar de haver tratamento, nenhum medicamento dessa classe apresenta cobertura terapêutica ideal. A intervenção cirúrgica, assim, promove a reabilitação visual e impede a evolução da doença.
CONCLUSÃO
É imprescindível que o oftalmologista esteja apto a realizar o diagnóstico e seguir com o tratamento adequado frente a uma patologia que a progressão pode levar a danos irreversíveis, buscando sempre um melhor desfecho.
Referências Bibliográficas
1. Mannis MJ, Holland EJ. Cornea: Fundamentals, Diagnosis and Management. 4a edição. Vol. 1. Londres: Elsevier; 2017.
2. Müller GG, Kara-José N, Castro RS de. Antifúngicos em infecções oculares: drogas e vias de administração. Revista Brasileira de Oftalmologia [Internet]. Abr 2013 [citado 18 maio 2024];72(2):132–41. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034- 72802013000200014&script=sci_arttext&tlng=en
3. Ricardo De Oliveira P, Resende S. Ceratite fúngica Fungal keratitis SOCIEDADE BRASILEIRA DE LENTE DE CONTATO E CÓRNEA (SOBLEC). Arq Bras Oftalmol [Internet]. 2001 [citado 18 maio 2024]; 64:75–84. Disponível em: https://www.scielo.br/j/abo/a/p9MbVHjpFp6QstsHNjqp6Zx/?format=pdf&lang=pt
4. Durand M. UpToDate [Internet]. Epidemiology, clinical manifestations, and diagnosis of fungal endophthalmitis; 26 ago 2022 [citado 18 maio 2024]. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/epidemiology-clinical-manifestations-and-diagnosis-of- fungal-endophthalmitis
Área
CÓRNEA (trabalhos)
Categoria
Pôster Eletrônico
Instituições
UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
FÁTIMIH CANTANHEDE DA SILVA, FABRICIO VARGAS PEREIRA, MARIANA MEDEIROS ARAUJO, REBECA SERRENHO DE SOUZA GONÇALVES, JOÃO LUCAS E SILVA MORA