Dados do Trabalho

Título

DESAFIOS NO DIAGNOSTICO DIFERENCIAL ENTRE ENDOFTALMITE E SINDROME TOXICA DO SEGMENTO ANTERIOR - UM RELATO DE CASO

Resumo

A Endoftalmite e a Síndrome Tóxica do Segmento Anterior (STSA) são diagnósticos diferenciais importantes em relação às complicações pós-operatórias. Objetiva-se descrever um caso desafiador de complicação pós-operatória abordando essas possíveis etiologias em que um manejo assertivo resultou em desfecho satisfatório. Paciente feminina, 72 anos, sem comorbidades prévias, recebeu 1º atendimento em um hospital oftalmológico no dia 17/05/23 com queixa de dor ocular intensa em olho direito (OD). História prévia de facectomia por facoemulsificação com complicação intraoperatória no OD em outra instituição em agosto de 2022, ficando afácica. No dia 13/05/23 foi realizada tentativa de fixação secundária de lente intraocular (LIO) em OD sem sucesso. Ao exame oftalmológico constatou-se acuidade visual (AV) de movimentos de mãos em OD e 20/100 em olho esquerdo. Na biomicroscopia foi observado reação de câmara anterior (CA) 4+/4+ e depósitos de metilcelulose espalhados na CA, com fundoscopia inviável por opacidade de meios. Na ecografia foi evidenciado reação vítrea inflamatória não sendo possível excluir endoftalmite. A conduta inicial foi lavagem da CA e injeção de cefazolina intracameral, prescrevendo-se moxifloxacino, dexametasona e atropina tópicos, prednisona e ciprofloxacino oral. Em uma 2° abordagem, injeção intravítrea de vancomicina e ceftazidima. Nas culturas de humor aquoso e vítreo coletados não houve crescimento bacteriano ou fúngico. Paciente com melhora significativa da sintomatologia e nova ecografia no dia 30/05/23 sem sinais de endoftalmite ou reação inflamatória vítrea. Após 2 meses, com a fundoscopia do OD sem alterações e um bom controle do quadro, foi possível programar o implante secundário de LIO com fixação escleral pela técnica Yamane. Paciente evoluiu com excelente recuperação pós operatória, alcançando AV com correção de 20/50 em OD. Usualmente, a endoftalmite tende a se apresentar após 3 a 7 dias da cirurgia, com dor intensa, hipópio e vitreíte mais importantes e cursando com baixa AV grave. Já a STSA, tem início mais precoce, com dor, hipópio e vitreíte menos expressivos. Contudo, muitas vezes, os sintomas e exames complementares nos expõem a incerteza diagnóstica, sendo necessário agir de forma precisa e empírica. Complicações pós-operatórias podem representar casos complexos e desafiadores, tanto no diagnóstico como no manejo. A conduta adequada, muitas vezes, pode assegurar uma evolução clínica favorável com desfecho positivo.

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