Congresso SBO 2024

Dados do Trabalho


Título

MENINGIOMA SUPRASSELAR E GLAUCOMA: NEM TODA PERDA DE CAMPO É GLAUCOMATOSA

Resumo

Introdução: A neuropatia óptica glaucomatosa é a principal causa de cegueira irreversível no mundo. O meningioma suprasselar é um tumor cerebral primário não-glial representando em torno de 20% dos tumores operados. Seu crescimento pode produzir compressão do quiasma óptico e do suprimento vascular adjacente, causando deficiências do campo visual, como a hemianopsia bitemporal. Pacientes glaucomatosos com escotomas prévios podem ter o diagnóstico dificultado deuma hemianopsia suprasselar. Esse caso mostra um desafio diagnóstico de uma comorbidade neurológica em uma paciente com cegueira monocular devido ao glaucoma. Descrição do caso: Paciente sexo feminino, 60 anos, com diagnóstico de glaucoma há 9 anos, diminuição importante da acuidade visual (AV) em olho direito (OD) e queixa de piora da acuidade visual em olho esquerdo (OE). Tarsorrafia em OD há 15 anos devido a quadro de paralisia facial periférica. Em uso de brimonidina 2% e latanoprosta 0,01% em ambos os olhos. Ao exame apresentava melhor AV corrigida em OD 20/400 e OE 20/20. À tonometria de aplanação 12/19 mmHg, respectivamente. Fundoscopia apresentava escavação total de disco óptico direito e relação E/D de 0,3 x 0,4 com faixa neural preservada em OE. Na tomografia de coerência óptica (OCT) afinamento da camada de fibras nervosas temporal em olho esquerdo. Foi realizada campimetria em OE, a qual evidenciou hemianopsia temporal associada a perda difusa da sensibilidade retiniana. Não havia correlação do defeito campimétrico com a fundoscopia, portanto, foi solicitada RNM, que evidenciou processo expansivo de alta celularidade, com invasão intra selar, deslocando o tecido da adenohipófise contra o assoalho da fossa hipofisária, aspecto compatível com meningioma supra-selar. A paciente foi submetida a craniotomia posteriormente e excisão da lesão. Discussão: O caso acima apresenta uma comorbidade cujo diagnóstico só foi possível após o exame campimétrico rotineiro de glaucoma. A paciente apresentava em OD disco pálido e escavação total, sinal que dificultaria a proposição de atrofia óptica de origem compressiva. Já em OE, faixa neural preservada, sem palidez, mas afinamento da camada de fibras nervosas na tomografia de coerência óptica e defeito campimétrico típico. Conclusão: É importante a realização da campimetria na avaliação oftalmológica e sua correlação com o exame clínico para diferenciação e diagnóstico de comorbidades neurológicas em pacientes glaucomatosos.

Referências Bibliográficas

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Área

GLAUCOMA (trabalhos)

Categoria

Pôster Eletrônico

Instituições

Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil

Autores

LORENZA TAVARES BRASIL BAHIA, ALINNE MARIA CAMARGOS DA COSTA , PAULA PINHO CORRÊA, MARIANA BOMTEMPO ARAUJO, ANA LAURA VAZ DE MELLO FRATARRI