Congresso SBO 2024

Dados do Trabalho


Título

Neurorretinopatia Macular Aguda secundária à dengue - relato de caso.

Resumo

Introdução: Este relato objetiva apresentar o caso de uma mulher jovem, previamente hígida, com um quadro raro de perda visual súbita em ambos os olhos secundáriaa à Neurorretinopatia Macular Aguda (AMN) após quadro de dengue. Relato de Caso: Mulher, 33 anos, diagnosticada com dengue, notou perda visual súbita e indolor em ambos os olhos, 6 dias após o início dos sintomas. Acuidade visual de OD 20/25 e OE 20/40, ausência de defeito pupilar aferente relativo. A tomografia de coerência óptica (OCT) revelou lesão hiper-reflexiva entre a camada plexiforme externa (OPL) e a camada nuclear externa (ONL) no OD e interrupção da zona elipsoide (EZ) e de interdigitação no OE (fig 1). O diagnóstico de AMN foi realizado baseado nas características clínicas e achados de OCT. A conduta foi Prednisona VO 60mg/dia por 7 dias. Nove semanas após o início da perda visual, OCT revelou recuperação anatômica parcial das lesões (fig 2) e acuidade visual final íntegra (20/20), apesar da persistência dos escotomas centrais. Discussão: O diagnóstico é baseado principalmente nos achados estruturais observados no OCT. Pacientes com AMN relatam início súbito de um ou mais escotomas paracentrais, diminuição da visão e/ou visão embaçada. Clinicamente, lesões intra-retinianas, marrom-avermelhadas e em forma de cunha são observadas ao redor da fóvea. Os escotomas geralmente persistem indefinidamente, embora alguns desapareçam parcialmente ao longo de meses. Os achados ao exame de OCT incluem placa hiper-reflexiva, vista inicialmente nas ONL e OPL, indicando ruptura dos corpos celulares dos fotorreceptores e seus axônios. A presença de ruptura da zona elipsoide focal (EZ) é característica. Com o tempo, o EZ se reconstitui, mas é notada uma fragmentação persistente da zona de interdigitação. A placa hiper-reflexiva desaparece e é substituída por afinamento. Embora a causa exata não seja bem esclarecida, acredita-se que a AMN possa estar associada à dengue por alterações vasculares secundárias, como inflamação ou microtrombos por oclusão de pequenos vasos que acometem o plexo capilar profundo da retina(1-4). Conclusão: O presente relato destaca a importância de reconhecer precocemente e investigar as manifestações visuais associadas à dengue. O oftalmologista deve estar atento à possibilidade de AMN relacionada à dengue, especialmente em casos onde o fundo de olho aparenta estar normal. Vale destacar o papel crucial do exame de OCT no diagnóstico e acompanhamento destes casos.

Referências Bibliográficas

1.Casalino G, Arrigo A, Romano F, Munk MR, Bandello F, Parodi MB. Acute macular neuroretinopathy: pathogenetic insights from optical coherence tomography angiography. British Journal of Ophthalmology [Internet]. 2019 Mar 1 [cited 2021 Dec 22];103(3):410–4.

‌2.Bhavsar KV, Lin S, Rahimy E, Joseph A, Freund KB, Sarraf D, et al. Acute macular neuroretinopathy: A comprehensive review of the literature. Survey of Ophthalmology. 2016 Sep;61(5):538–65.

3.Rahimy E, Sarraf D. Paracentral acute middle maculopathy spectral-domain optical coherence tomography feature of deep capillary ischemia. Current Opinion in Ophthalmology [Internet]. 2014 May 1 [cited 2022 Apr 10];25(3):207–12.

4.Sarraf D, Rahimy E, Fawzi AA, Sohn E, Barbazetto I, Zacks DN, et al. Paracentral Acute Middle Maculopathy. JAMA Ophthalmology. 2013 Oct 1;131(10):1275.

Área

RETINA (trabalhos)

Categoria

Pôster Eletrônico

Instituições

Universidade Federal de Juíz de Fora - Minas Gerais - Brasil

Autores

JAYANA RODRIGUES LUCAS SOUZA, GUSTAVO MARUM BARBOSA BAPTISTA, RODRIGO GOMES EL HADJ, ARLEX BRICEÑO CALLE JÚNIOR, TIAGO DUTRA FRANCO, BRUNO CAMPOS GOMES, FELIPE AUGUSTO PIRES GUERRA, ISABELLA THOMAZ JACOB, PEDRO CHABOT BARROSO, IGOR DUARTE AMARAL, VITOR HUGO EUZÉBIO DE MELLO, KATLAN JOSÉ RODRIGUES, LEONARDO PROVETTI CUNHA