Dados do Trabalho

Título

LESAO POR ARMA BRANCA RESULTANDO EM LACERAÇAO PALPEBRAL E ESCLERAL: UM RELATO DE CASO

Resumo

Introdução: Traumas oculares penetrantes (TOP) consistem em lesões que violam a integridade da parede ocular, podendo gerar consequências graves como deficiência visual ou até perda do globo ocular. O TOP representa 30% a 50% de todas as lesões orbitais e exige abordagem multidisciplinar em casos de alta complexidade. Relato de caso: Paciente masculino, 27 anos, deu entrada no pronto socorro, sedado e sob ventilação mecânica, vítima de ferimento penetrante por arma branca no olho esquerdo (OE). Ao exame, foram identificadas lacerações de espessura total da pálpebra e da esclera nasal, com extensão para a extrema periferia inferior do OE. Houve acometimento do músculo reto medial, alterações morfoestruturais no globo ocular esquerdo com redução de suas dimensões e densificação de partes moles em região orbitária e periorbitária (segundo tomografia computadorizada de crânio). Como conduta, optou-se por sutura de pálpebra, exérese de herniação de úvea e humor vítreo, sutura de esclera, sutura do reto medial em seu ponto de inserção, lavagem da câmara anterior com aspiração de hifema e sutura de conjuntiva. No 5º dia pós-operatório, observou-se no OE: hiposfagma, edema de córnea residual, câmara anterior formada, catarata traumática e pigmentos em cápsula, sem seidel espontâneo ou forçado. Apresentou AV de movimento de mãos no OE. Teve alta hospitalar com evolução satisfatória, porém com perda de seguimento por seguir acompanhamento na cidade de origem. Discussão: No caso apresentado, identificaram-se sinais inequívocos de lesão ocular penetrante extensa, com perda de conteúdo intraocular. Apesar da gravidade do ferimento, no entanto, foi possível restabelecer o formato do globo, com manutenção da amplitude das câmaras no pós-operatório recente, inclusive com preservação de percepção visual de vultos. O fato de o local de acolhimento tratar-se de um hospital de pronto socorro, sem um sistema de acompanhamento de médio e longo prazos, muitas vezes impossibilita a avaliação da evolução final dos casos. Conclusão: O diagnóstico com tratamento eficiente do TOP são fundamentais para minimizar complicações. A abordagem cirúrgica deve considerar a gravidade da lesão, incluindo acometimentos faciais ou intracranianos, com possível necessidade de intervenções multidisciplinares. No entanto, mesmo com a abordagem correta e precoce, esses ferimentos geralmente apresentam sequelas visuais importantes, com risco de perda do globo ocular em casos mais graves.

Referências Bibliográficas

1. Dekker A, El-Sawy A, Rejali D. An Unusual Transorbital Penetrating Injury and Principles of Management. Craniomaxillofacial Trauma & Reconstruction. 2014 Dec;7(4):310–2. doi: 10.1055/s-0034-1378178. PMID: 25383154; PMCID: PMC4221148. Available at: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25383154/
2. Turbin RE, Maxwell DN, Langer PD, Frohman LP, Hubbi B, Wolansky L, et al. Patterns of Transorbital Intracranial Injury: A Review and Comparison of Occult and Non-Occult Cases. Survey of Ophthalmology. 2006 Sep;51(5):449–60. doi: 10.1016/j.survophthal.2006.06.008. PMID: 16950246. Available at: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16950246/
3. Li J, Zhou LP, Jin J, Yuan HF. Clinical diagnosis and treatment of intraorbital wooden foreign bodies. Chinese Journal of Traumatology. 2016 Dec;19(6):322–5. doi: 10.1016/j.cjtee.2016.04.006. PMID: 28088934; PMCID: PMC5198936. Available at: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5198936/
4. Chen J, Shen T, Wu Y, Yan J. Clinical Characteristics and Surgical Treatment of Intraorbital Foreign Bodies in a Tertiary Eye Center. Journal of Craniofacial Surgery. 2015 Sep;26(6):e486–9. doi: 10.1097/SCS.0000000000001973. PMID: 26267572. Available at: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26267572/


5. Mashriqi F, Iwanaga J, Loukas M, D’Antoni AV, Tubbs RS. Penetrating Orbital Injuries: A Review. Cureus. 2017 Sep;9(9):e1725. doi: 10.30476/ijms.2021.89475.2026. PMID: 29201574; PMCID: PMC5707173. Available at: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5707173/