Congresso SBO 2024

Dados do Trabalho


Título

ULCERA DE CORNEA POR MYCOBACTERIUM SP EM PACIENTE EM USO DE LENTE DE CONTATO ESCLERAL

Resumo

Introdução: Micobacterias não tuberculosas (MCN) estão presentes no nosso meio, principalmente na água, e são responsáveis pelas infecções oportunistas em humanos. Apesar de raras, essas infecções têm aumentado no mundo todo e atualmente são reconhecidas mais de 150 espécies1-3.
Descrição do Caso: AMC, 31 anos, atendida no dia 21/11/2023, no Pronto Socorro do Hospital Universitário Regional Norte do Paraná, Londrina-PR, com queixa de úlcera de córnea em tratamento há mais de 6 meses em outro serviço, sem melhora. Antecedente pessoal de LES, transplante de córnea (ceratocone) e usuária de lente de contato escleral.
Ao exame oftalmológico, acuidade visual: OD: 20/20 (com lente escleral) e OE: CD1m (sem correção); tonometria: 12mmhg bilateral; biomicroscopia: OD: normal e OE: lesão ulcerada de córnea central-inferior 4,5mm x 2mm, infiltrado adjacentes e satélites, hipópio de 1 mm, flare, conjuntiva 1+/4+ hiperemiada; fundoscopia sem alterações em ambos os olhos. Em uso de aciclovir, azatioprina, prednisona e colírios de prednisolona + tacrolimus.
Coletado material para cultura no OE, iniciado colírios de ceftazidima, vancomicina, anfotericina B 0,5%, lubrificantes sem conservantes. Após resultado da cultura positivo para Mycobacterium sp, iniciado amicacina colírio.
Ao exame em 13/12/2023, apresentava fechamento da úlcera e acuidade visual (sem correção) 20/400, com afinamento da córnea (paquimetria: 215 micras). Mantido colírio até 20/03/2024.
Dia 10/04/2024, apresentou perfuração de córnea com atalamia e sinal de siedel positivo. Realizado transplante de córnea de urgência. Em última consulta 08/05/2024, apresentou córnea transparente e em boa evolução.
Discussão: Não há descrito na literatura a infecção pela Mycobacteria sp em usuário de lentes de contato esclerais. Apesar de rara, a ceratite infecciosa é uma complicação temida nos usuários de lentes de contato4. O fato das lentes esclerais necessitarem de fluido permanente entre a córnea e a lente, os patógenos como a micobactérias devem ser considerados como diagnostico diferencial, para o seu tratamento efetivo. No presente caso, a doença de base e a demora do diagnóstico, levou ao quadro severo e afinamento importante, que apesar do tratamento, evoluiu para perfuração e necessidade de transplante de córnea.
Conclusão: O caso representa um alerta para a infecção por MCN como diagnóstico diferencial nas infecções oportunistas em usuários lentes esclerais para evitar complicações severas e perda visual.

Referências Bibliográficas

1. Tortoli E. Microbiological features and clinical relevance of new species of the genus Mycobacterium. Clin Microbiol Rev. 2014 Oct;27(4):727-52. doi: 10.1128/CMR.00035-14.

2. Kheir WJ, Sheheitli H, Abdul Fattah M, Hamam RN. Nontuberculous Mycobacterial Ocular Infections: A Systematic Review of the Literature. Biomed Res Int. 2015; 2015:164989. doi: 10.1155/2015/164989. Epub 2015 May 27.

3. Alves MR, Andrade BBA. Atualização continuada • Arq. Bras. Oftalmol. 63 (6) Dez 2000.https://doi.org/10.1590/S0004-27492000000600012

4. Ruiz-Lozano RE, Gomez-Elizondo DE, Colorado-Zavala MF, Loya-Garcia D, Rodriguez-Garcia A. Update on indications, complications, and outcomes of scleral contact lenses. Med Hypothesis Discov Innov Ophthalmol. 2022 Feb 24;10(4):165-178. doi: 10.51329/mehdiophthal1435.

Área

CÓRNEA (trabalhos)

Categoria

Pôster Eletrônico

Instituições

Universidade Estadual de Londrina - Paraná - Brasil

Autores

YURIANE TERABE GAMBINI, BEATRIZ KARINE TABA OGUIDO, MATHEUS STAMPINI FREDERICO, ISADORA CARMELINGO JOSE, RODOLFO COLONHEZI FEIJO, ANA PAULA MIYAGUSKO TABA OGUIDO