Congresso SBO 2024

Dados do Trabalho


Título

LINFANGIECTASIA CONJUNTIVAL ASSOCIADA AO USO DE MESILATO DE IMATINIBE PARA TRATAMENTO DE TUMOR ESTROMAL GASTROINTESTINAL: RELATO DE CASO

Resumo

INTRODUÇÃO
A linfangiectasia conjuntival é uma condição rara caracterizada pela dilatação de vasos linfáticos na conjuntiva. Tais vasos são responsáveis pela drenagem de parte do fluido ocular e sua dilatação pode gerar sintomas que variam desde hiperemia e irritação ocular a lacrimejamento e quemose.

Muitas medicações apresentam efeitos adversos oculares, entre elas o mesilato de imatinibe, que é umas das opções de tratamento para tumores estromais gastrointestinais (GIST). GIST são tumores malignos de origem mesenquimal que resultam da ativação oncogênica do receptor Kit tirosina-quinase (C-KIT) ou de seu homólogo, o receptor alfa do fator de crescimento derivado de plaqueta (PDGFRa). O imatinibe atua como um inibidor seletivo desses genes.

RELATO DE CASO
Paciente de 48 anos, feminina, comparece à consulta oftalmológica de rotina com queixa de lacrimejamento no olho esquerdo (OE). Nesse momento estava em tratamento adjuvante de GIST com imatinibe há 18 meses.
Ao exame oftalmológico, apresentava acuidade visual de 20/20 em ambos os olhos. Na biomicroscopia apresentava conjuntivas claras com discreta quemose em ambos os olhos e em OE havia saculações translúcidas, localizadas temporalmente, com aspecto em colar de pérolas, sem demais alterações.
A tomografia de coerência óptica de segmento anterior (OCT-SA) revelou pequenas lesões hiporrefletivas de aspecto cístico em topografia conjuntival do OE.

DISCUSSÃO
De acordo com a classificação da Organização Mundial da Saúde, existe certeza de relação causal entre imatinibe e edema periorbital, além de outras relações sintomáticas menos prováveis. Em um estudo multicêntrico randomizado para pesquisa dessa droga, 74.1% dos pacientes apresentaram esse tipo de edema, que foi sugerido ser dose dependente e devido a inibição do PDGFR, um alvo do imatinibe, presente nos dendrócitos dos tecidos perioculares.
Apesar de não ser claro o mecanismo exato de edema periorbital em usuários de imatinibe, é evidente que existe relação entre essa droga e mecanismos de drenagem ocular que pode estar relacionado também à linfangiectasia conjuntival.

CONCLUSÃO
Esse é o primeiro relato na literatura de linfangiectasia conjuntival associado a uso de imatinibe para tratamento de GIST. Estudos futuros são ainda necessários para determinar a exata relação entre ambos, mas é preciso ficar atento por ser uma droga nova e já haver efeitos adversos oculares confirmados.
Paciente segue em acompanhamento oftalmológico regular.

Referências Bibliográficas

Welch, J., et al., Conjunctival lymphangiectasia: a report of 11 cases and review of literature. Surv Ophthalmol, 2012. 57(2): p. 136-48.
Dogan, S.S., et al., Ocular Side Effects Associated with Imatinib Mesylate and Perifosine for Gastrointestinal Stromal Tumor, Hematol Oncol Clin N Am 23 (2009) 109–114
Cristea, A.P., L.T. Petrescu, and C. Stan, Conjunctival Lymphangiectasia - case report. Rom J Ophthalmol, 2022. 66(4): p. 365-368.

Área

CÓRNEA (trabalhos)

Categoria

Pôster Eletrônico

Instituições

UERJ - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

CLARA ELISA CASTRO TAVARES, ELAINE CASTRO, ANA CAROLINA VIEIRA