Congresso SBO 2024

Dados do Trabalho


Título

NEVO DE OTA BILATERAL - UMA APRESENTAÇAO INCOMUM: RELATO DE CASO

Resumo

INTRODUÇÃO: O Nevo de Ota (NO) também conhecido como melanose dérmica ocular, é uma doença benigna rara, não hereditária e congênita, caracterizada por uma lesão melanocítica plana da pele e mucosas, de coloração marrom ou azul-acinzentada, formato oval e contornos mal definidos. É mais comum em mulheres e em pessoas de ascendência asiática e africana. Envolve principalmente a região de distribuição do nervo trigêmeo, sendo os ramos oftálmico e maxilar os mais acometidos. Geralmente é unilateral em 90% dos casos e a esclera está envolvida em 60% dos pacientes. Há um risco aumentado para glaucoma e de degeneração rara para melanoma uveal nesses pacientes.
RELATO DE CASO: paciente do sexo feminino, 22 anos, raça negra, brasileira, consultada no ambulatório de oftalmologia geral por apresentar mancha pigmentada em face e em ambos os olhos (AO) desde o nascimento, sem crescimento progressivo e sem outros sintomas oculares. A inspeção notava-se hiperpigmentação cutânea, plana, atingindo toda a fronte e região periorbitária de AO, sendo maior em hemiface direita, de coloração cinza-azulada, não sendo visualizada alterações em palato, nem em mucosas. Ao exame oftalmológico apresentava acuidade visual com correção de 20/20 em AO; biomicroscopia com melanose conjuntival 360º em olho direito (OD) e temporal inferior em olho esquerdo (OE); pressão intraocular de 12mmHg e gonioscopia com ângulo aberto em AO. Mapeamento de retina com escavação do disco óptico levemente aumentada, sem outras alterações, confirmada pela retinografia simples. Tomografia de coerência óptica do nervo óptico dentro da normalidade em AO. Paciente foi orientada sobre as possíveis complicações desta patologia, e sobre a necessidade de consultas oftalmológicas seriadas.
DISCUSSÃO: O NO é uma alteração assintomática, de bom prognóstico, causada por melanócitos que não migraram completamente da crista neural para a epiderme durante a fase embrionária. Além da lesão de pele, pode envolver a episclera, esclera, e a úvea do olho. O glaucoma de ângulo aberto pode se desenvolver devido ao acúmulo de pigmento na rede trabecular e no canal de Schlemm.
CONCLUSÃO: Essa patologia se apresenta inicialmente aos oftalmologistas ou dermatologistas como uma preocupação cosmética. Esses profissionais têm um papel decisivo no diagnóstico precoce e no tratamento das possíveis complicações oculares, orientando um exame oftalmológico anual seriado.

Referências Bibliográficas

1. Chan HH, Kono T. Nevus of Ota: clinical aspects and management. Skinmed. 2003 Mar-Apr;2(2):89-96; quiz 97-8. doi: 10.1111/j.1540-9740.2003.01706.x. PMID: 14673306.
2. Patel BC, Egan A, Lucius RW, Gerwels JW, Mamalis, N, Anderson RL. Cutaneous malignant melanoma and oculodermal melanocytosis (nevus of Ota): report of a case and review of literature. J Am Acad Demartol. 1998 May;38(5 Pt 2):862-5 [PubMed:9591805]
3. Agarwal P, Patel BC. Nevus of Ota and Ito. 2023 Jul 10. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2024 Jan–. PMID: 32809409.
4. Sharan S, Grigg JR, Bilson FA. Bilateral nevus of Ota with choroidal melanoma and diffuse retinal pigmentation in a dark skinned person. Br J Ophthalmol. 2005;89(11):1529.

Área

GERAL (trabalhos)

Categoria

Pôster Eletrônico

Instituições

Centro de Estudos e Pesquisas Oculistas Associados - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

FLAVIA DOS SANTOS OLIVEIRA, LUIZA COSTA RIBEIRO, GABRIELLA MORAIS FONSECA, LUCIANA DE SOUZA SILVA FERREIRA LEITE, ANDRESSA PUHL PETRAZZINI, THEO RAMALHO MORAIS