Dados do Trabalho
Título
UVEITE POSTERIOR POR TOXOCARIASE: UM RELATO DE CASO
Resumo
Introdução: A toxocaríase ocular é uma doença parasitológica negligenciada, causada mais frequentemente pelo Toxocara canis, presente no intestino de cães (1). Após a contaminação do ser humano, apresenta clínica variada, sendo a retina e o vítreo os tecidos oculares mais acometidos (2). Descrição do relato de caso: Paciente feminina, 41 anos, queixa de turvação visual súbita em olho direito (OD) há 1 mês, com melhora parcial espontânea. Em uso de óculos corretivo. Negava história patológica pregressa ou oftalmológica relevante. Convivia com cães vermifugados e vacinados, negava contato com gatos. À refração: em OD +0,50 -1,00 x 30⁰, com acuidade visual (AV) 20/20 com trocas (CT) e em olho esquerdo (OE) plano -0,50 x 50⁰, com AV 20/20. Não apresentava alterações aos exames de biomicroscopia e motricidade ocular em ambos os olhos (AO), com pressão intraocular 9/9 mmHg. À fundoscopia: OD: disco óptico (DO) borrado, corado, escavação fisiológica, presença de trave vítreo retiniana (TRV) em região temporal inferior e alteração pigmentar da retina; OE com DO regular, corado, escavação fisiológica, mácula livre e retina aplicada. Exames laboratoriais: Toxoplasmose IgM não reagente, IgG indeterminado; Toxocaríase IgM não reagente, IgG reagente e VDRL não reagente. Retinografia grande angular mostrando presença de TVR que vai desde a retina periférica inferior até o nervo óptico OD. Na autofluorescência, a área TVR é hipoautofluorescente e cercada por um anel hiperautofluorescente de atrofia epitelial. Discussão: As hipóteses diagnósticas foram: toxocaríase, toxoplasmose e persistência de vasculatura fetal. Foi realizado diagnóstico presuntivo de toxocaríase ocular (TO) quadro normalmente unilateral, em indivíduos de 1 a 66 anos e em regiões de clima quente(3). A apresentação clínica mais comum da TO é a presença de granulomas retinianos, podendo ocorrer fibrose, distorção da retina e descolamentos por tração(2). O diagnóstico é clínico, sendo que biópsias e estudos histológicos não apresentam benefícios e exames imunológicos podem apresentar anti corpos indetectáveis(3). Conclusão: Apesar de rara, a forma ocular da toxocaríase deve sempre ser avaliada como diagnóstico diferencial de uveíte com etiologia desconhecida. Isso porque o tratamento correto e em tempo oportuno pode evitar as possíveis complicações e melhorar o prognóstico visual do paciente.
Referências Bibliográficas
1.Iddawela D, Ehambaram K, Bandara P. Prevalence of Toxocara antibodies among patients clinically suspected to have ocular toxocariasis: A retrospective descriptive study in Sri Lanka. BMC Ophthalmol. 2017 Apr 24;17(1):50.
2. Rahhal-Ortuño M, Alonso-Muñoz L, Fonseca-Fernández E, Rahhal MS. Suspected ocular toxocariasis and macular heterotopia. Rom J Ophthalmol. 2020 Jan-Mar;64(1):66-69.
3. Gupta A, Tripathy K. Ocular Toxocariasis. 2023 Aug 25. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2024 Jan
Área
UVEÍTES (trabalhos)
Categoria
Pôster Eletrônico
Instituições
Hospital Universitário Gaffree Guinle - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
CAIO CESAR PEIXOTO BRETAS, VITORIA CARVALHAIS GOULART, GIOVANNA PEIXOTO BRETAS, JORDANA GASPARELLO SANTI