Dados do Trabalho

Título

PERDA VISUAL GRAVE RELACIONADA A NEURITE OPTICA APOS DENGUE - RELATO DE CASO.

Resumo

Introdução: Nosso objetivo é descrever um caso de neurite óptica após episódio de dengue. Dentre as doenças infecciosas, a dengue pode cursar com complicações oftalmológicas, como maculopatias, escotomas e hemorragias subconjuntivais. Contudo, a neurite óptica como complicação após dengue é rara.
Relato de caso: Homem, 45 anos, diagnosticado com dengue, refere perda visual de aparecimento súbito em OD 9 dias após início do quadro de dengue, associado a dor à movimentação ocular. O exame oftalmológico revelou acuidade visual (AV): OD conta dedos a 10 cm, OE 20/20; presença de defeito pupilar aferente relativo 3+ OD. Fundoscopia e OCT revelaram edema de disco óptico em OD (Figura 1), sem alterações em OE. A ressonância nuclear magnética (RNM) de encéfalo demonstrou hipersinal em nervo óptico direito. Pela apresentação clínica, observação dos sinais e sintomas típicos e achados ao exame de RNM de encéfalo, foi aventado o diagnóstico de neurite óptica secundária à dengue. Foi realizado pulsoterapia com metilprednisolona 1 grama ao dia por 5 dias, seguido de prednisona via oral. O paciente evolui com melhora do edema, sinais de palidez do disco óptico e discreta melhora visual.
Discussão: A neurite óptica é uma doença inflamatória que causa perda visual aguda, geralmente monocular. Classicamente, a neurite óptica pode estar relacionada a doenças desmielinizantes como a esclerose múltipla, porém causas infecciosas como a dengue devem ser lembradas, especialmente em cenários endêmicos como o atual. No presente caso, devemos ressaltar a forma de apresentação, com perda visual muito grave e com pouca melhora visual após tratamento, o que costuma ser considerada uma evolução atípica para as neurites óptica, em especial a secundária a esclerose múltipla, onde a melhora visual é comum.
Conclusão: Este relato evidencia a importância de considerarmos a neurite óptica como uma das possíveis causas de perda visual relacionadas a dengue. Além disto chamar a atenção para perda visual grave com pouca recuperação visual que pode ocorrer nestes casos.

Figura 1
Fundo de olho e OCT demonstram sinais de edema de disco óptico em OD na fase aguda.

Figura 2
Exames de retinografia e OCT revelam leve sinais de melhora de edema de disco óptico em OD após pulsoterapia.

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