Congresso SBO 2024

Dados do Trabalho


Título

MANIFESTAÇOES OFTALMOLOGICAS NA GRANULOMATOSE COM POLIANGIITE: UM CASO DE ESCLERITE NECROTIZANTE E NEURITE OPTICA

Resumo

INTRODUÇÃO: A granulomatose com poliangiite (GPA) é caracterizada por vasculite necrosante granulomatosa.¹ Cerca de 26% dos diagnosticados podem apresentar manifestações oculares.² Apresentamos um caso de um paciente que apresentou neuropatia óptica e esclerite necrotizante como complicações da GPA. DESCRIÇÃO DO RELATO DE CASO: Homem de 56 anos, hipertenso e diabético. Teve início do quadro com cefaleia e dor ocular, além de baixa acuidade visual bilateral, associada a neuropatia óptica em ambos os olhos, evoluindo para amaurose bilateral. Após 6 meses, procurou nosso serviço com quadro de dor intensa, associada a ceratoesclerite necrosante bilateral, com hiperemia episcleral profunda e ceratite periférica em AO, além de estafiloma nasal. À fundoscopia, havia afilamento vascular, dobras de coróide em polo posterior e disco óptico com palidez difusa em AO. Aos exames laboratoriais apresentou anti-PR3 positivo, apesar de ANCA negativo. À TC de órbitas, apresentou formação tecidual amorfa obliterando ápice orbitário à direita. À TC de tórax apresentou focos intersticiais tênues esparsos em ambos os pulmões e pequeno nódulo sólido não calcificado no lobo médio. Diante do quadro de GPA, iniciou-se pulsoterapia com ciclofosfamida e metilprednisolona, seguidas de prednisona por via oral. Apresentou hipoacusia bilateral com sensação de plenitude auricular pior à direita, com otalgia à direita, parestesia em 2º e 3º pododáctilo e transtorno depressivo maior relacionado à perda da visão. Após 9 meses de acompanhamento, evoluiu com ruptura escleral espontânea com extrusão vítrea na área do estafiloma do OD, submetendo-se a enxerto corneano no local. Mantém amaurose, hipoacusia e parestesia. DISCUSSÃO: Trata-se de caso raro de GPA, segundo os critérios da ACR/EULAR³, que apresentou neuropatia óptica fulminante como manifestação inicial, seguida de esclerite necrotizante. As queixas oftalmológicas abriram o quadro, como observado em cerca de 45% dos pacientes com envolvimento ocular.⁴ A presença de autoanticorpos anti-PR3 foi crucial para o diagnóstico.¹ O tratamento proposto envolveu combinação de imunossupressores e corticosteroides.¹ CONCLUSÃO: A GPA exige pronta identificação e abordagem terapêutica agressiva, particularmente nos casos de manifestações oculares mais graves, como aqui demonstrado.

Referências Bibliográficas

1. Comarmond C, Cacoub P. Granulomatosis with polyangiitis (Wegener): Clinical aspects and treatment. Autoimmun Rev. 2014 Nov;13(11):1121–5.
2. Turk MA, Hayworth JL, Nevskaya T, Pope JE. Ocular Manifestations in Rheumatoid Arthritis, Connective Tissue Disease, and Vasculitis: A Systematic Review and Metaanalysis. J Rheumatol. 2020 May 1;48(1):25–34.
3. Robson JC, Grayson PC, Ponte C, Suppiah R, Craven A, Judge A, et al. 2022 American College of Rheumatology/European Alliance of Associations for Rheumatology Classification Criteria for Granulomatosis With Polyangiitis. Arthritis Rheumatol. 2022 Feb 2;74(3):393–9.
4. Bullen CL, Liesegang TJ, McDonald TJ, DeRemee RA. Ocular Complications of Wegener’s Granulomatosis. Ophthalmology. 1983 Mar 1;90(3):279–90.

Área

UVEÍTES (trabalhos)

Categoria

Pôster Eletrônico

Instituições

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil

Autores

MATHEUS SCANDIAN THOMAZ, ANNA CHRISTINA HIGINO ROCHA, DANUZA DE OLIVEIRA MACHADO AZEVEDO, DANIEL VÍTOR VASCONCELOS-SANTOS