Dados do Trabalho

Título

ENDOFTALMITE POS-OPERATORIA CRONICA POR EXOPHIALA SP.: UM DESAFIO DIAGNOSTICO E TERAPEUTICO

Resumo

Introdução: A endoftalmite crônica pós-operatória manifesta-se de modo indolente, geralmente com apresentação tardia, sendo fungos implicados em 20% dos casos.1 A dificuldade na confirmação microbiológica e a má respostas aos antifúngicos dificultam o diagnóstico e o tratamento dessa infecção². Este relato tem por objetivo expor raro caso de endoftalmite crônica pós-cirurgia de catarata causada pelo fungo dematiáceo Exophiala sp.
Descrição do relato caso: Mulher de 72 anos, hipertensa e diabética, submetida a facoemulsificação e implante de lente intraocular (LIO) 7 meses antes em outro serviço, apresentou quadro de inflamação intraocular recorrente no OD após capsulotomia com laser, a despeito de corticoterapia tópica e oral. Ao exame da admissão, apresentava: AV de vultos no OD e 20/20 no OE; pressão intraocular de 6 e 12mmHg no OD e OE, respectivamente. Injeção ciliar, precipitados ceráticos (PKs) finos, câmara anterior (CA) com 2+/4+ de células e delicada massa filamentar aderida à margem pupilar temporal. Coexistia infiltração/opacidade capsular periférica, além de exsudação inflamatória no vítreo anterior. Diante da suspeita de etiologia fúngica, iniciou tratamento com itraconazol (100mg bid), com redução do corticoide tópico e oral, até que se pudesse realizar procedimento cirúrgico. Evoluiu com regressão da massa filamentosa na CA, mas com infiltração iriana progressiva, finalmente submetendo-se a vitrectomia via pars plana, iridectomia, lensectomia e capsulotomia em bloco, com subsequente controle da infecção e melhora da acuidade visual, com manutenção do antifúngico oral por vários meses. Exame histopatológico mostrou estruturas fúngicas filamentosas com hifas septadas sequestradas entre a cápsula posterior e a posterior; espectroscopia de massa na micocultura identificou Exophiala sp. Discussão: Descrevemos um caso raro de endoftalmite por fungo dematiáceo do gênero Exophiala, após cirurgia de catarata. Nesses casos, a remoção cirúrgica da LIO e do saco capsular em bloco são importantes para o diagnóstico¹, contribuindo também para cura da infecção³, pelo sequestro intracapsular do microrganismo¹. O resultado favorável neste caso contrasta com o prognóstico reservado, descrito na maior parte dos pacientes com esse tipo de infecção. Conclusão: A endoftalmite pós-operatória crônica exige pronta identificação e abordagem cirúrgica agressiva¹, para fins diagnóstico e terapêutico, com atenção especial para a possibilidade de etiologia fúngica⁴.

Referências Bibliográficas

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2. Carvalho MS, Sousa TF de, Tavares ML, Santos JVS, Graciolli G. ENDOFTALMITE FÚNGICA: RELATO DE CASO. Revista de Patologia do Tocantins [Internet]. 2021 Nov 5 [cited 2022 Sep 21];8(3):38–41. Available from: https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/patologia/article/view/11251/19261
3. Maalouf F, Abdulaal M, Hamam RN. Chronic Postoperative Endophthalmitis: A Review of Clinical Characteristics, Microbiology, Treatment Strategies, and Outcomes. International Journal of Inflammation [Internet]. 2012;2012:1–6. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3328945/#:~:text=Acute%20postoperative%20endophthalmitis%20is%20defined
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