Congresso SBO 2024

Dados do Trabalho


Título

LESAO OCULAR POR LATEX DE EUPHORBIA: RELATO DE CASO E REVISAO ATUALIZADA

Resumo

Introdução: A exposição ao látex das plantas do gênero Euphorbia pode variar em manifestações clínicas de conjuntivite leve até ceratouveíte grave, com risco potencial de cegueira. Relato: em 15/04/2024, paciente feminina, 49 anos, dá entrada no Hospital da Gamboa com queixa principal de olho vermelho, dor e sensação de corpo estranho. A paciente refere que há 3 dias entrou em contato em OE com látex da planta Euphorbia ingens ao fazer a poda em seu jardim e a seiva espirrar em sua direção. Após lavar o olho com água, buscou pronto socorro, no qual foi prescrito Mydriacil ® 3x/dia e Maxiflox ® 6/6h, sem ter sido feita eversão palpebral. Refere que 24hs após a ida ao hospital ainda sentia dor e sensação de corpo estranho, e que por conta própria retirou de dentro da pálpebra um pedaço de látex. No dia seguinte buscou o H. da Gamboa para reavaliar a conduta prescrita. Ao exame: AVSC: OD 20/20 OE 20/70 (-2). À biomicroscopia: OE com reação papilar intensa em tarsos superior e inferior, sem presença de corpos estranhos à eversão palpebral; conjuntiva bulbar OE hiperemiada 4+/4+ com vasos ingurgitados, córnea OE com ceratite leve, flúor negativo para lesões, com câmara anterior ampla e sem reação nem hipópio. BUT 4seg OE, PIO 17/17mmHg. FO: normal. Conduta: manter Mydriacil ® e Maxiflox ® por mais 5 dias, adicionando: lubrificante 0,4% 1/1h, gel ocular 12/12h, compressa gelada noturna, colírio antialérgico 1x/noite e retorno em 1 semana. Paciente, apesar de orientada a retornar, evadiu. Discussão: a literatura indica que, a depender da espécie de Euphorbia e o tempo de exposição ao látex, as lesões oculares podem variar desde conjuntivite moderada, ceratouveíte e até opacidade corneana com vascularização 360º. Os tratamentos propostos incluem irrigação com soro fisiológico até normalização do pH ocular, lubrificação de 1/1h, antibióticos profiláticos e, nos casos de uveítes, uso de colírios midriáticos e corticoides. Nos casos de reação de hipersensibilidade, antialérgicos são indicados, e nos casos extremos de opacidades corneanas irreversíveis, indica-se ceratoplastia penetrante. O prognóstico mais comum, diante de acometimento leve a moderado e tratamento adequado, é a resolução de 1 a 2 semanas. Conclusão: Recomenda-se a proteção adequada, como óculos e luvas, ao manusear Euphorbias. A prática de eversão palpebral no atendimento médico inicial é crucial para evitar complicações e garantir um tratamento eficaz diante dos variados acometimentos possíveis.

Referências Bibliográficas

EKE, Tom. The Spectrum of Ocular Inflammation Caused by Euphorbia Plant Sap. Clinical Sciences, United Kingdom, v. 118, n. 1, p. 13-16, jan. 2000.
BASAK, Samark; BAKSHI, Parthok; BASU, Sabitabrata; BASAK, Soham. Keratouveitis caused by Euphorbia plant sap. Indian Journal Of Ophthalmology, [S.L.], v. 57, n. 4, p. 311, 2009. Medknow.
IOANNIDIS, Alexanders; PAPAGEORGIOU, Konstantinos I; ANDREOU, Petros s. Exposure to Euphorbia lathyris latex resulting in alkaline chemical injury: a case report. Journal Of Medical Case Reports, Reino Unido, v. 3, n. 1, p. 1-3, 10 nov. 2009. Springer Science and Business Media LLC.

Área

URGÊNCIAS E TRAUMAS (trabalhos)

Categoria

Pôster Eletrônico

Instituições

IORJ - Hospital da Gamboa - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

GABRIEL BENCHIMOL, SEAN NG LUI TEIXEIRA, PRISCILA SILVA PEREIRA MACHADO, MICHAELA POCHACZEVSKY KOEHLER, MARIANA MELLO PORTELLA CAMPOS, OLÍVIA FÉRES VARELA, GUSTAVO BONFADINI, ANGELA FLORES PAREDES