Dados do Trabalho
Título
OFTALMOPLEGIA INTERNUCLEAR NA ESCLEROSE MULTIPLA
Resumo
Introdução:
A oftalmoplegia internuclear (OIN) caracteriza-se por alteração do olhar conjugado horizontal podendo apresentar desde discreta lentificação do movimento sacádico até completo comprometimento da adução.¹ Anatomicamente corresponde a lesão do fascículo longitudinal medial (FLM) ipsilateral ao olho acometido.1,2 Neste relato apresentamos um caso secundário a esclerose múltipla (EM) em paciente homem.
Descrição do Caso:
Paciente M, 23 anos, sexo masculino, branco, com queixa de diplopia binocular horizontal com piora em levoversão de início há duas semanas. Quadro foi precedido há cerca de 2 meses por parestesias em membros inferiores bilateralmente, pior a direita, sem paresias, de duração de 2 semanas com resolução espontânea e sem sequelas. Há 1 mês, refere surgimento das parestesias em região torácica anterior, também com resolução espontânea após 1 semana. Apresenta acuidade visual de 20/20 em ambos os olhos sem alterações ao exame biomicroscópico. Ausência de defeito pupilar aferente relativo. Apresenta discreta lentificação da velocidade de adução de olho direito durante sacada ocular não sendo perceptível restrição de adução mesmo em levoversão. Convergência preservada e melhora da diplopia em posição primária do olhar e dextroversões.
Realizou ressonância magnética que evidenciou lesões compatíveis com placas de desmielinização em topografia de FLM à direita além de lesões semelhantes em região justacortical, periventricular e em neuroeixo.
Paciente foi encaminhado a hospital quaternário sendo feito diagnóstico de EM, realizou pulsoterapia com metilprednisolona recebendo alta com prednisona oral e seguimento em ambulatório de neuroimunologia. Apresentou melhora do quadro de diplopia.
Discussão:
Apesar da EM ser menos prevalente no sexo masculino³, a idade do paciente, ausência de fatores de risco para etiologias vasculares e presença de sintomas parestésicos recentes tornava as doenças desmielizantes a principal hipótese para o caso. Déficits leves de adução, ou apenas lentificação de sua velocidade durante sacadas, dificultam expressivamente a identificação do quadro.1,2
Conclusão:
A OIN em pacientes jovens deve suscitar a hipótese de doença desmielinizante4, especialmente quando associado a sintomas típicos dessas patologias. O correto diagnóstico OIN e investigação de sua etiologia é imprescindível para o tratamento tempestivo da doença de base e controle sintomático.
Referências Bibliográficas
1. Virgo JD, Plant GT. Internuclear ophthalmoplegia. Practical Neurology. 2017 Apr 1;17(2):149-53.
2. Frohman TC, Galetta S, Fox R, Solomon D, Straumann D, Filippi M, Zee D, Frohman EM. Pearls & Oy-sters: The medial longitudinal fasciculus in ocular motor physiology. Neurology. 2008 Apr 22;70(17):e57-67.
3. Harbo HF, Gold R, Tintoré M. Sex and gender issues in multiple sclerosis. Therapeutic advances in neurological disorders. 2013 Jul;6(4):237-48
4. Feroze KB, Wang J. Internuclear ophthalmoplegia. InStatPearls [Internet] 2022 Jun 27. StatPearls Publishing.
Área
NEUROFTALMOLOGIA (trabalhos)
Categoria
Pôster Eletrônico
Instituições
Instituto Brasileiro de Assistência e Pesquisa - IBAP - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
JOÃO PEDRO KEZEN CESÁRIO, NATHALIE STEPHANIE MENEGUETTE, ALICE ROCHA TEIXEIRA NETTO, ANDREW ALVES MARINHO, RODRIGO SCHWARTZ PEGADO