Dados do Trabalho

Título

SINDROME OCULOGLANDULAR DE PARINAUD, UMA MANIFESTAÇAO CLINICA ATIPICA E UM DESAFIO DIAGNOSTICO ASSOCIADO A ESPOROTRICOSE: UM RELATO DE CASO

Resumo

A Síndrome Oculoglandular de Parinaud (SOP) é uma doença rara, caracterizada por uma conjuntivite granulomatosa unilateral associada a linfadenopatia pré auricular ou submandibular adjacente. Na literatura, o principal agente etiológico associado ao quadro é a Bartonella Hanselae, porém outros agentes menos frequentes podem causar este quadro. Neste contexto, relatamos um caso clínico de uma paciente diagnosticada com SOP decorrente de esporotricose em acompanhamento no serviço de Oftalmologia do Hospital São Geraldo. Paciente do sexo feminino, 22 anos, apresentou-se ao atendimento oftalmológico queixando-se de nodulação nas pálpebras do olho direito (OD), associada a secreção purulenta e hiperemia ocular com início há 30 dias. Consultada previamente há 14 dias por um oftalmologista, foi diagnosticada com conjuntivite e tratada com ciprofloxacino colírio por 10 dias, sem melhora. A paciente negou comorbidades, porém relatou conviver com um gato diagnosticado recentemente com esporotricose, bem como histórico similar em sua mãe. No exame oftalmológico, apresentava acuidade visual de 20/20 sem correção em ambos os olhos, com biomicroscopia anterior revelando secreção purulenta nos fórnices conjuntivais e granulomas, principalmente no tarso superior do OD. Não foram observadas alterações à fundoscopia. O exame físico revelou linfadenopatia pré-auricular e submandibular à direita. Com base nos achados oftalmológicos e no histórico epidemiológico, a paciente foi diagnosticada com SOP por esporotricose e iniciou terapia com itraconazol 100 mg a cada 12 horas, sendo encaminhada à equipe de infectologia. Após 3 meses de tratamento, houve resolução completa dos granulomas. A SOP, embora rara, deve ser de conhecimento de todo oftalmologista, para que possam fazer o diagnóstico correto e não protelar o tratamento adequado. Atualmente, para casos de SOP relacionadas à esporotricose preconiza-se o tratamento oral com itraconazol pelo período mínimo de 3 meses. Importante salientar ainda que uma anamnese bem coletada e dados epidemiológicos são de grande valia para direcionar o diagnóstico e terapêutica.

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