Dados do Trabalho
Título
OFTALMOMIIASE EXTERNA ASSOCIADA A CARCINOMA ESPINOCELULAR DE FACE: RELATO DE CASO
Resumo
Introdução
Miíase é a infestação de vertebrados vivos por larvas de dípteros que se alimentam de tecidos do hospedeiro, sendo incomum o acometimento ocular. Relatamos aqui um caso de miíase ocular externa associada a neoplasia de pele.
Relato de caso
Paciente feminina, 76 anos, apresentando carcinoma espinocelular em dorso nasal. Lesão ulcerada e exofítica, medindo 3,3 x 1,6 cm. Apresenta-se no hospital com miíase extensa acometendo dorso nasal e olho esquerdo (OE). À ectoscopia, presença de larvas em toda superfície de OE, impedindo a visualização do mesmo. Feito tratamento sistêmico com ivermectina 8mg/dia por 5 dias. No segundo dia de internação, com melhora da dor e com larvas mortas, foi feita retirada mecânica com pinça. Ao exame oftalmológico, dificultado pela sedoanalgesia, observou-se percepção luminosa. Visto também acúmulo de secreção purulenta, edema palpebral, quemose, hiperemia conjuntival 4+/4, córnea opacificada, com bastante ceratite e íntegra. Prescrito pomada de dexametasona 1 mg/g + ciprofloxacino 3,5 mg/g 3 vezes por dia, lubrificante sem conservantes de 2/2h e colírio de ciprofloxacino 0,3% de 4/4h. Observada melhora evolutiva do quadro oftalmológico, aguarda melhora clínica para avaliação ocular completa.
Discussão
Aborda-se paciente com múltiplos fatores de risco para miíase: idosa desassistida, condições precárias de higiene e cuidado, tumor periorbitário e transtorno mental. Alcoolismo, epilepsia, vulnerabilidade social, população pediátrica e rural também são fatores de risco. A miíase ocular externa causa sintomas como dor ocular, queimação e sensação de corpo estranho. Na miíase ocular interna, podem ocorrer fotopsias e moscas-volantes. A maioria das larvas penetram apenas pela pele não íntegra, como lesões necrosantes, ulceradas ou tumorais. Pelo risco de complicações como perda de visão, o tratamento da miíase ocular deve ser oportuno. Optou-se pelo tratamento sistêmico com ivermectina e remoção mecânica das larvas, seguidos de terapia tópica com ciprofloxacino e dexametasona. A evolução favorável evidencia efetividade do tratamento, não excluindo a necessidade de seguimento para prevenir complicações tardias, como leucoma corneano e uveíte secundária.
Conclusão
A oftalmomiíase é relevante para a saúde pública e esfera social. A prevenção envolve condições sanitárias e cuidados pessoais. Tratamento médico apropriado e avaliação de fatores de risco são cruciais para a sua abordagem integral.
Referências Bibliográficas
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Área
URGÊNCIAS E TRAUMAS (trabalhos)
Categoria
Pôster Eletrônico
Instituições
Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
RENAN GERONIMO SOUZA DA SILVA, ANTÔNIO PEDRO DE BRITTO PEREIRA FORTUNA, RAFAELA MARCELLO SOARES, CAMILA QUIZA VARGAS, JULIA DE PAULA VAZ PESSANHA