Dados do Trabalho
Título
MANEJO DE ULCERA BACTERIANA POR PSEUDOMONAS AERUGINOSA EM USUARIO IRREGULAR DE LENTE DE CONTATO: UM RELATO DE CASO
Resumo
Introdução: Úlcera bacteriana de córnea é uma urgência oftalmológica devido seu potencial de progredir rapidamente1. Geralmente, manifesta-se com infiltrado estromal, defeito epitelial e hiperemia conjuntival2. Dentre os causadores mais comuns, há maior proporção de gram-positivos em relação a gram-negativos, sendo que, deste último grupo, prevalece a Pseudomonas aeruginosa3. Descrição do relato de caso: Paciente do sexo masculino, 55 anos, hipermetrope, em uso irregular de lentes de contato gelatinosas há 5 anos, sem a prescrição de um oftalmologista. Relata que dormia com as lentes e as limpava com colírio Moura Brasil. Alegou hiperemia, dor e perda de visão em olho esquerdo (OE) há 7 dias. Ao exame, constatou-se acuidade visual (AV) de movimento de mãos e úlcera de córnea em OE de 3,5x3mm, com infiltrado estromal adjacente em região temporal com invasão de neovasos limbares, precipitados ceráticos endoteliais grosseiros e hipópio de 2mm. Nesta consulta, realizou-se coleta de material corneano para bacterioscopia com gram, cultura e antibiograma e foram prescritos colírios de Amicacina 2,5% e Cefazolina 50 mg/ml, em uso intercalado a cada 30 minutos, e Tropicamida. Após o 3º dia, a cultura confirmou P. aeruginosa sem alteração da lesão. Guiado por antibiograma, a terapia foi trocada por Tobramicina fortificada 14 mg/ml. Após 5 dias, houve melhora significativa da visão com AV 20/200 e redução do infiltrado estromal, mas persistindo o defeito epitelial. Foi realizado o debridamento epitelial da úlcera e colocada lente de contato terapêutica, que levaram ao fechamento da úlcera em 7 dias, com epitélio íntegro, AV 20/40 e ausência de dor e edema. Discussão: Entre os principais fatores de risco para úlcera ocular por P. aeruginosa, destaca-se o uso de lente de contato2. O tratamento de infecções por esse agente é um desafio devido à capacidade de resistência antimicrobiana4. A literatura atual, em concordância com o estudo, recomenda como tratamento de ceratite ocular por bastonetes gram-negativos o uso de aminoglicosídeo associado a cefalosporina, podendo ser modificado com base na cultura e teste de suscetibilidade5. Agente cicloplégico, como a Tropicamida, pode também ser usado para reduzir a dor ocular e formação de sinéquias6. Conclusão: O diagnóstico precoce e o tratamento específico são cruciais para evitar perda visual significativa, destacando a importância da cultura no direcionamento da terapia e na redução do risco de resistência bacteriana.
Referências Bibliográficas
1. Cabrera-Aguas M, Khoo P, George CRR, Lahra MM, Watson SL. Antimicrobial resistance trends in bacterial keratitis over 5 years in Sydney, Australia. Clin Experiment Ophthalmol. 2020;48(2):183-191.
2. Cabrera-Aguas M, Khoo P, George CRR, Lahra MM, Watson SL. Infectious keratitis: A review. Clin Exp Ophthalmol. 2022;50(5):543-562. doi:10.1111/ceo.14113.
3. Ung L, Bispo PJM, Shanbhag SS, Gilmore MS, Chodosh J. The persistent dilemma of microbial keratitis: global burden, diagnosis, and antimicrobial resistance. Surv Ophthalmol. 2019;64(3):255-271.
4. Antimicrobial Resistance Collaborators. Global burden of bac-terial antimicrobial resistance in 2019: a systematic analysis.Lancet. 2022;399(10325):629-655.
5. American Academy of Ophthalmology (AAO). Resumo de Referências para Diretrizes dos Padrões de Práticas Preferenciais®. Revisado por Luiz Lima, MD. 2019.
6. Lin A, Rhee MK, Akpek EK, et al. Bacterial keratitis preferred practice pattern®. Ophthalmology. 2019;126(1):P1-P55.
Área
CÓRNEA (trabalhos)
Categoria
Pôster Eletrônico
Instituições
Universidade do Estado do Pará (UEPA) - Pará - Brasil
Autores
LETICIA RIBEIRO DOS SANTOS, EDUARDO HENRIQUE HERBSTER GOUVEIA, ANGELA MARIA DE QUEIROZ PEREIRA, LUCAS DIAS SILVA, JOÃO VICTOR DE PAULA CUNHA, CECÍLIA RIBEIRO GUERRA, AMANDA BEATRIZ PINHEIRO MACEDO