Congresso SBO 2024

Dados do Trabalho


Título

A RELAÇAO ENTRE O TRATAMENTO DA CATARATA CONGENITA E O DESENVOLVIMENTO DE AMBLIOPIA PRIVATIVA

Resumo

Objetivo: Avaliar se a intervenção precoce adequada da catarata congênita altera o risco de desenvolvimento de ambliopia privativa.
Metodologia: Foi realizada uma revisão da literatura por meio de buscas nas plataformas PubMed e UpToDate no dia 01 de setembro de 2023 com os descritores “treatment”, “cataract” e “amblyopia”. Foram incluídos artigos publicados nos últimos 5 anos e obtidos 82 resultados. Destes, 84 foram excluídos pelo título ou resumo, que não mencionaram avaliação após a abordagem ou então a associação de ambliopia com a catarata.
Introdução: A ambliopia de privação trata-se de uma condição na qual há redução funcional da acuidade visual devido à obstrução do estímulo visual durante o período de neuroplasticidade. Uma das principais causas dessa condição é a catarata congênita, caracterizada pela opacificação do cristalino em recém nascidos, sendo sua maioria passível de cura com tratamento adequado. Diante da relação intrínseca entre essas duas condições, estudos mostraram que a abordagem terapêutica precoce pode evitar complicações 1,2.
Resultados: A remoção precoce da catarata e a substituição por uma lente intraocular é o tratamento mais adequado para evitar ambliopia irreversível. A cirurgia deve ser realizada nas primeiras seis semanas de vida para unilateral e entre 6 a 8 semanas para bilateral, e o eixo visual deve ser desobstruído até 16 semanas, a fim de uma acuidade maior que 20/40 3,4. Após isso, é necessário desencorajar a utilização do olho com visão melhor, por meio do uso de adesivo oclusivo, sendo recomendado poucas horas durante o dia, haja vista a possibilidade de ambliopia de privação no olho vedado 5,6. Em um estudo foram feitos 56 procedimentos em 37 lactentes, em que, 26,8% dos pacientes tinham catarata unilateral e 73,2% tinham catarata bilateral. Essas crianças iniciaram o tratamento para ambliopia imediatamente após a cirurgia e, no último acompanhamento delas, a acuidade visual mediana melhor corrigida (BCVA) foi de 0,5 logMAR [IQR: 0,2–0,8] e 0,1 logMAR [IQR: 0,0–0,8]. A BCVA foi avaliada tanto em 4 semanas quanto no final do seguimento, sendo a BCVA final ≤ 0,1 logMAR considerada um resultado visual muito bom e a logMAR entre 0,1 e 0,5 considerado bom 7,8.
Conclusão: A cirurgia precoce de extração da catarata congênita, associada à terapia de oclusão pós cirúrgica no olho contralateral ao da redução da acuidade visual, reduz o risco de desenvolvimento de ambliopia privativa.

Referências Bibliográficas

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Área

CATARATA (trabalhos)

Categoria

Pôster Eletrônico

Instituições

FAMINAS BH - Minas Gerais - Brasil

Autores

MARCO ANTONIO SOLIMAR ARAUJO, KARLA CANDIDA PARREIRA, YASMIN PINHEIRO ROCHA, FOLMER QUINTÃO TORRES