Dados do Trabalho

Título

INJEÇAO INTRA-VITREA DE C3F8 E ANTI-VEGF PARA TRATAMENTO DE HEMORRAGIA SUBMACULAR SECUNDARIA A DMRI E VASCULOPATIA POLIPOIDAL: RELATO DE DOIS CASOS.

Resumo

Paciente do sexo feminino, 78 anos, queixa-se de piora da acuidade visual em olho direito. Antecedentes oftalmológicos: DMRI ambos os olhos, com injeções Intravítreas de anti-VEGF prévias em olho esquerdo (OE), e forma seca em olho direito (OD). Apresentava acuidade visual de conta dedos a 2 metros em OD, sendo que em consultas prévias era este seu melhor olho, com AV de 20/40, e em OE acuidade visual mantida de conta dedos a 1 metro. À biomicroscopia ambos os olhos: Catarata nuclear 2-3+. Tonometria de aplanação normal em ambos os olhos. À fundoscopia, foi possível observar em OD a presença de drusas maculares associada a hemorragia subrretiniana em região macular em OD, e em OE a presença de drusas e atrofia macular.
Optado por realizar IIV de anti-VEGF e C3F8 0,35ml em olho direito, e o paciente orientado a manter posição de cabeça para baixo. Após quatro dias do procedimento já apresentou melhora da acuidade visual para 20/160 e, após um mês, evolui com visão de 20/63 neste mesmo olho, sendo indicadas mais duas injeções de anti-VEGF com intervalo de 6 semanas nest3e mesmo olho. Além disso, ao exame de fundoscopia foi possível notar melhora da hemorragia, bem como melhora no aspecto da tomografia de coerência óptica (OCT), mantendo ausência de fluido intrarretiniano. Paciente estável desde então.
Caso 2: Paciente do sexo feminino, 65 anos, apresentando baixa de visão súbita e indolor em OD sete dias após ter sido submetido a cirurgia de catarata neste olho. Nega outros antecedentes oftalmológicos, nega comorbidades. Ao exame, apresentava acuidade visual de movimento de mãos em OD e de 20/60 em OE. Biomicroscopia de segmento anterior sem alterações em ambos os olhos, apresentando lente intraocular tópica em OD e catarata nuclear 3+ em OE. À fundoscopia, presença de hemorragia subrretiniana macular e, hemirretina inferior, acometendo a macula. Após realização de exame de OCT, a principal hipótese diagnóstica foi de hemorragia secundária a vasculopatia polipoidal, sendo indicada IIV de anti-VEGF associado a alteplase e C3F8. Paciente orientada a manter posição de cabeça para baixo, e após 1 mês de seguimento mostrou melhora da hemorragia e melhora do aspecto do OCT, porém com atrofia de retina externa e mantendo acuidade visual de conta dedos frente a face.

Discussão:
A forma exsudativa da degeneração macular relacionada à idade (DMRI) está entre as principais causas de cegueira no mundo, e a ocorrência de hemorragia sub-retiniana é causa de importante perda de visão, sendo o tratamento precoce essencial para bom prognóstico visual. O tratamento cirúrgico para hemorragia sub-retiniana associado a injeção sub-retiniana do ativador do plasminogênio tecidual (tPA) apresenta melhores resultados visuais quando comparada à história natural da doença, mas é limitado quando se situa abaixo do epitélio pigmentado da retina. A vasculopatia polipoidal de coroide é uma doença exsudativa da macula que apresenta uma história natural mais estável que a DMRI, e tendo sido uma causa de hemorragia submacular maciça que resulta em atrofia coriorretiniana e perda visual permanente. Estudos recentes têm mostrado benefício no tratamento com IIV de C3F8 associado a alteplase e anti-VEGF, com melhora da hemorragia e da acuidade visual, sendo considerado procedimento menos invasivo quando comparado à vitrectomia cirúrgica. Conclusão: em ambos os casos observamos melhora no aspecto da hemorragia, sendo o tratamento precoce relacionado a melhor desfecho visual.