Jornada Paulista de Oftalmologia (UNICAMP)

Dados do Trabalho


Título

HAMARTOMA ASTROCITICO DE RETINA: RELATO DE CASO

Resumo

Caso clínico

Paciente, 61 anos, masculino, sem comorbidades e queixas. Ao exame de rotina, apresentou acuidade visual (AV) 20/20 em ambos os olhos (AO). Biomicroscopia e tonometria normal em AO. Fundoscopia de olho direito (OD) evidenciou nodulação pré papilar e olho esquerdo sem alterações.
Foram solicitados sorologias e exames de imagem para afastar hipótese de granuloma infecioso, sendo descartado HIV, toxocara cannis, toxoplasmose, sífilis e tuberculose.
Além disso, para afastar a possibilidade de metástase retiniana, foi realizado ultrassom (US) de próstatas, endoscopia digestiva alta, colonoscopia e ressonância de crânio e orbitas sem sinais de tumorações.
Quanto a avaliação multimodal de OD: retinografia colorida mostrou tumoração pré papilar nasal inferior (fig 1). A tomografia de coerência óptica (OCT) mostrando tumoração hiperreflectivo peripapilar com espessamento camada de fibras nervosas (fig 2). A angiofluoresceinografia (AFG) evidenciou lesão hipofluorescente com impregnação perilesional e peripapilar nas fases tardias (fig 3 e 4) e US ocular com ecos de alta ecogenicidade em papila (fig 5).
Descartado causas infecciosas e metastáticas, paciente foi diagnosticado com hamartoma astrocítico de retina solitário calcificado em OD. Devido boa AV e ausência de sintomas, foi optado por seguimento clínico.

Discussão

O hamartoma astrocítico de retina (HAR) é um tumor glial benigno. Geralmente congênito e relacionado com a esclerose tuberosa. Pode ocorrer de forma esporádica, sendo nesses casos mais comum unilaterais e solitários.
Em sua grande maioria é assintomático. Quando a tumoração ocorre em região macular ou apresenta complicações, como exsudação e hemorragia, o paciente pode referir baixa de acuidade visual.
A avaliação multimodal é essencial para o diagnóstico. HAR pode apresentar-se com ou sem calcificação e a US ocular é fundamental na diferenciação. No OCT, apresenta-se tipicamente com cavidades opticamente vazias, espessamento da camada de fibras nervosas, podendo ocorrer desorganização da retina externa. Na AFG, a lesão nas fases iniciais são hipofluorescentes por bloqueio e nas fases tardias ocorre hiperfluorescência.
A conduta geralmente é expectante e a intervenção indicada em caso de complicações.

Comentários finais
O hamartoma astrocítico de retina é uma entidade benigna, porém faz diagnóstico diferencial com patologias graves, como tumores metastáticos e infeciosos. Portanto, é fundamental a análise multimodal para seu diagnóstico e seguimento.

Área

Retina

Autores

ISABELLA CRISTINA BORGES PIO, CHRISTINE LANSSONI ZUCATTI, RAFAELA DE ANDRADE SILVA MIRANDA, PAULA CHAVES BARBOSA, BRENO HERMANN FERREIRA GONDIM, ANDRÉ ARAÚJO PINHEIRO, DAISY BRITO MONTEIRO DE CARVALHO