Dados do Trabalho
Título
Linfoma Orbitário - Relato de caso
Resumo
Roberta Tovo Borghetto Abud
Roberta Lilian Fernandes de Sousa Meneghim
RELATO DE CASO
Paciente masculino, 60 anos, deu entrada no pronto-socorro de oftalmologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP, referindo surgimento de lesão em olho direito (OD) de crescimento lento há dois meses, associada a prurido ocular. Negava comorbidades e uso de medicamentos. Negava tabagismo, traumas e cirurgias oculares prévias. Referia etilismo há 45 anos e antecedente familiar de linfoma. Ao exame, apresentava lesão elevada, de coloração rósea em conjuntiva bulbar, no setor temporal de OD. A lesão se estendia para setores superior e inferior, chegando ao fundo de saco superior e os vasos conjuntivais sobre a lesão estavam dilatados. A acuidade visual era de 0,4 em OD e 0,15 no esquerdo. A pressão intraocular estava normal (10 mmHg em OD e 11 mmHg no esquerdo), assim como o exame de fundoscopia. Foi solicitado exame de tomografia computadorizada (TC) de órbitas e seios de face que mostrou presença de lesão expansiva em região orbitária lateral direita, estendendo-se para o músculo reto lateral, com volume de 5,53 cm³, densidade de partes moles e captação homogênea de contraste. Optou-se pela biópsia incisional da lesão e o resultado do anatomopatológico revelou densa população de linfócitos atípicos de padrão monocitoide, imunofenótipo B (CD20 +) e índice de proliferação celular (Ki67) de 5%, concluindo-se tratar-se de linfoma da zona marginal extranodal (linfoma MALT). Com este diagnóstico, o paciente foi encaminhado para a oncologia para investigação sistêmica e tratamento da lesão.
DISCUSSÃO
Relatamos um caso de linfoma MALT orbitário que se apresentou, inicialmente, como lesão conjuntival. A maioria dos linfomas orbitários são linfomas MALT, correspondendo a 36% dos casos de linfomas intraoculares ou de anexos oculares (1). É considerado o subtipo mais frequente dos linfomas não-Hodgkin. Vários são os parâmetros que influenciam no prognóstico, tais como a localização anatômica, o estágio no diagnóstico e a associação com doença sistêmica. Assim, as investigações de extensão da lesão e de acometimento sistêmico são importantes. A tomografia de órbitas nos mostrou a extensão orbitária da lesão conjuntival, mas o diagnóstico definitivo é dado pelo exame de histopatologia, que também auxilia no direcionamento do tratamento destes pacientes. O acompanhamento em conjunto com o oncologista é importante. Nos casos de doença confinada à órbita, a radioterapia isolada é, normalmente a opção tomada, estando relatadas taxas de controle local de 95 a 97%, mesmo com doses baixas (3). A imunoterapia é uma nova modalidade de tratamento, e pode assumir um papel dominante no futuro (2).
CONCLUSÃO
Relatamos o caso de um paciente com linfoma MALT orbitário que se apresentou, inicialmente, com uma lesão conjuntival unilateral. Os autores chamam a atenção para a importância da suspeição e da investigação diagnóstica adequada dessas lesões, além da multidisciplinaridade para o tratamento desses pacientes.
REFERENCIAS
1) Meunier J, Lumbroso-Le Rouic L, Vincent-Salomon A, Dendale R, Asselaim B, Arnaud P, et al. Ophthalmologic and intraocular non-Hodgkin's lymphoma: a large single centre study of initial characteristics, natural history and prognostic factors. Hematol Oncol. 2004;22(4):143-58
2) Oftalmologia Clínica, Kanski, 2019; 9ª Edição; 140-141; 841-842
3) Revista Brasileira de cirurgia plástica - Year 2019 - Volume34 - (Suppl.3)
Área
Plástica Ocular
Autores
ROBERTA TOVO BORGHETTO ABUD, ROBERTA LILIAN FERNANDES DE SOUSA MENEGHIM, ALISSON LIMA ANDRADE, THAILOR DARTORA, VINICIUS HATTORI RODRIGUES MIRA, ALINE APIS, GABRIELLA PACHU DE OLIVEIRA ZAMPIERI, NICOLE NOGUEIRA RODRIGUES, EDSON MITSURO KATO JUNIOR, MARIANA AYUSSO SOUBHIA