Jornada Paulista de Oftalmologia (UNICAMP)

Dados do Trabalho


Título

RETINOPATIA DA PREMATURIDADE: CONSEQUENCIAS DO TRATAMENTO INCOMPLETO

Resumo

A retinopatia da prematuridade (ROP), doença multifatorial considerada a principal causa de deficiência visual permanente na infância. A identificação e tratamento precoces da forma grave de ROP pode prevenir a cegueira. Atualmente, no que tange ao tratamento da ROP na América Latina, vemos maior tendência em uso de drogas anti-VEGF até mesmo em casos mais graves, por se tratar de um tratamento menos complexo, uma vez que não necessita de anestesia geral ou sedação do prematuro. Entretanto, apesar do maior uso de tais medicamentos nos últimos anos, a fotocoagulação transpupilar com o laser diodo continua sendo o tratamento padrão ouro para a ROP grave nas zonas II e III. Estima-se que aproximadamente dois terços das crianças cegas no mundo vivem na América Latina, tal proporção é muito influenciada pelo nível de cuidados neonatais, existência de programas de triagem e tratamento, além de, sobretudo neste caso, adesão ao tratamento por parte dos responsáveis.

Objetivo:
Relatar caso de paciente RN com quadro de retinopatia da prematuridade (ROP) de rápida evolução e como os fatores socioeconômicos podem influenciar na adesão ao tratamento e no prognóstico da doença.

Relato de Caso:
RN nascido no dia 30/08/2022 com IG de 25 semanas e 6 dias e peso de nascimento de 880 gramas, com boa evolução após nascimento, ganho de peso adequado e sem necessidade de O2 após primeira semana de vida. Foi solicitada interconsulta oftalmológica pela equipe da neonatologia para rastreio de ROP. Ao exame oftalmológico, com idade gestacional corrigida de 31 semanas, não apresentava sinais de retinopatia em ambos os olhos, permanecendo assim em avaliações subsequentes. Posteriormente, quando reavaliado com IGC de 35 semanas e 2 dias, apresentava à fundoscopia de ambos os olhos vasos de calibre e tortuosidade aumentada evidenciando doença plus, vascularização até zona II em todos os setores, com áreas de sincício vascular, cristas e neovasos em ambos os olhos. Optado por injeção intra-vítrea de anti-VEGF em ambos os olhos, realizada no dia 05/11/22 com melhora do quadro temporariamente. Ao ser reavaliado com IGC de 38 semanas e 4 dias, apresentou piora no padrão de vascularização, sendo indicada fotocoagulação a ser realizada sob sedação. Durante o período de internação, a responsável evade e não aguarda a realização do procedimento apesar de ter sido informada da importância dele para o prognóstico da acuidade visual do prematuro. Equipe da oftalmologia, neonatologia e serviço social se mobilizam para que responsável retorne com seguimento oftalmológico, mas não obtêm sucesso. Após perder seguimento, paciente retornou para consulta, no dia 04/05/23 , com idade corrigida de 4 meses, ao exame de fundoscopia de olho direito apresentava prega falciforme (dobra retiniana saindo do disco óptico em direção à região macular causando tração) acometendo também setor temporal e superior. Em olho esquerdo, apresentava prega em retina nasal causando tração desse setor. Paciente continua realizando seguimento em ambulatório de retina para prematuros e visão subnormal.

Área

Retina

Autores

EDSON MITSURO KATO JUNIOR, VICTOR RIBEIRO DE SANT’ANA, KELLEN CRISTIANE DO VALE LUCIO, ELIANE CHAVES JORGE, GABRIELLA PACHU DE OLIVEIRA ZAMPIERI, NICOLE NOGUEIRA RODRIGUES, MARIANA AYUSSO SOUBHIA, ALINE APIS, ROBERTA TOVO BORGUETTO ABUD , VINICIUS HATTORI RODRIGUES MIRA, JÚLIA COSTA GARCIA, LUIZA BOAVA SOUZA, MARIANA CÓZIMO NUNES, ANDRÉ LUIZ SITA E SOUZA BRAGANTE