Jornada Paulista de Oftalmologia (UNICAMP)

Dados do Trabalho


Título

Tratamento de metástase ocular de origem prostática – relato de caso

Resumo

Relato do Caso
Paciente masculino, 70 anos, branco, aposentado, procedente de Franca - SP, procurou o Serviço de Oftalmologia do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, com queixa de baixa acuidade visual em ambos os olhos (AO) há 2 meses. Como antecedentes pessoais, tinha diagnóstico há 1 mês de carcinoma de próstata já em tratamento com hormonioterapia e hipotireoidismo. Ao exame oftalmológico, foi constatado acuidade visual (AV) de olho direito (OD) movimento de mãos (MM) e olho esquerdo (OE) conta dedos 1 metro. Tonometria de 10 mmHg em AO; ectoscopia, motilidade ocular e biomicroscopia de segmento anterior normal em AO; biomicroscopia de fundo, lesões elevadas de coloração esbranquiçada na região da retina superior em OD e inferior e nasal superior em OE com descolamento de retina seroso acometendo mácula em AO. Foi solicitado laudo e exames complementares sobre quadro sistêmico. No mesmo dia, foram realizadas retinografias e ecografia de AO que mostraram lesões elevadas em coróide de 2 a 4 mm de espessura em setores descritos em fundoscopia, de alta refletividade e consistência ecográfica homogênea em seu interior; cavidade vítrea com picos difusos de baixa refletividade e ampla mobilidade; retina descolada e lente intraocular tópica. Diante do quadro clínico do paciente, foi indicado 3 doses com intervalos mensais de injeção intravítrea de antiangiogênico (bevacizumab) em AO. Paciente retorna após 3 meses da primeira dose referindo melhora de acuidade visual, OD= 20/100 e OE= 20/20 e ao exame oftalmológico, melhora importante de descolamento de retina e redução das dimensões dos tumores intraoculares.

Discussão
O tumor (TU) metastático uveal é considerado hoje a principal neoplasia maligna ocular, com prevalência maior que o melanoma de coróide, TU maligno ocular primário mais comum em adultos. Estudos mostram que os tumores primários mais frequentes das metástase oculares são de mama (47%) e pulmão (21%), sendo a próstata encontrado apenas em 2% dos casos. As lesões podem ser múltiplas mas, geralmente, são solítárias com prevalência de lesões únicas variando de 55,5 a 87,8% em diversos estudos. Apresentam-se planas (raramente, podem ser pouco elevadas), branco-amareladas ou levemente pigmentadas, associadas a fluido sub-retiniano e descolamento de retina. As queixas associadas a essas metástases variam com a localização do tumor intraocular e consistem principalmente em embaçamento ou diminuição da visão. O tratamento pode consistir em simples observação ou incluir quimioterapia, radioterapia, implante de placa de radioterapia, fotocoagulação a laser, terapia hormonal oral e intervenções cirúrgicas. Recentemente, alguns estudos têm sugerido a administração de injeção intravítrea de bevacizumab com regressão parcial do tumor. Este tratamento proporciona regressão da(s) massa(s) e melhora da acuidade visual, sem efeitos colaterais oculares ou sistêmicos. O bevacizumab combate a angiogênese, inibe o crescimento de células tumorais e bloqueia a síntese de proteínas angiogênicas por células tumorais, incluindo o fator de crescimento endotelial vascular.

Conclusão
Após injeções intravítreas de bevacizumabe, obtemos uma melhora significativa dos diâmetros tumorais e do descolamento seroso da retina, proporcionando melhora importante da acuidade visual e consequentemente melhor qualidade de vida ao paciente, sendo esta uma opção de tratamento segura e eficaz para metástase ocular de origem prostática.

Área

Oncologia

Autores

LAISA FERRAZ DE ARRUDA, GABRIELA MOUSSE CARVALHO, JOACY PEDRO FRANCO DAVID, LUISA FERRAZ ARRUDA, BEATRIZ ALVES MARQUES SOUZA, RODRIGO JORGE