Dados do Trabalho
Título
FREQUENCIA DE DOENÇAS OCULARES EM PESSOAS EM SITUAÇAO DE RUA DE RIBEIRAO PRETO, BRASIL
Resumo
As pessoas em situação de rua apresentam fatores de risco aumentado para diversas condições que podem afetar os olhos, como doenças infecciosas, desnutrição e maior exposição ao ultravioleta, além de menor acesso aos serviços de saúde. Existem poucos estudos a nível mundial sobre doenças oculares e suas frequências nessa população.
O estudo descreve doenças oculares presentes na população em situação de rua e suas frequências e as causas de cegueira e deficiência visual.
Estudo transversal de base populacional que avaliou amostra aleatória de pessoas vivendo em situação de rua na cidade de Ribeirão Preto. Realizado em 04 centros de apoio a moradores de rua, com idade maior ou igual a 18 anos, durante o ano de 2023. Aplicado o termo de consentimento livre e esclarecido e após o questionário de identificação pessoal e sociodemográfico. Acuidade visual (AV) com e sem correção e exame de refração automatizada subjetiva e sob ciclopegia nos indivíduos menores de 40 anos. Definido deficiência visual com AV não corrigida para longe ≤ 20/40 e AV com melhor correção (AVMC) >20/40. Presbiopia como AV para perto não corrigida de 20/40 ou pior e AV para perto com melhor correção (AVPMC) de >20/32. Seguido de exame do segmento anterior sob lâmpada de fenda portátil e tonometria com aparelho “eyecare” em ambos os olhos (AO). Fundoscopia indireta com mapeamento de retina e uso de OBI e lente de 20D. A documentação do fundo de olho foi feita com aparelho eyerCam. Após exames, definido principal causa de deficiência visual longe e perto de cada participante, seguido de orientações e encaminhamento para rede pública de saúde, se indicado.
Foram avaliados 119 participantes do quais 10 recusaram participação e 109 aceitaram participar (86 homens, 19 mulheres e 2 trangêneros), com idade entre 18 - 83 anos (média 44 anos). Dos participantes avaliados uma amostra de 10 pessoas não quis finalizar a avaliação. A maioria (109; 49,1%) declarou se a cor de pele parda, vivendo em situação de rua há pelo menos 6 meses. 31 participantes (28,7%) foram submetidos a avaliação oftalmológica pela última vez há mais de 5 anos, e 43 (39,8%) nunca foram atendidos previamente. Dentre os participantes, apenas 6 (5,7%) chegaram usando óculos no momento da avaliação. A frequência de deficiência visual para longe em um dos olhos foi de 38 (38,4%) e observado que 44 (44,4%) apresentaram presbiopia como causa de deficiência visual para perto. Presença de catarata foi observada em 05 (5,1%). A hipertensão ocular foi vista em 05 (5,1%) em pelo menos um dos olhos dos participantes, e escavação glaucomatosa observada 01 (1%) das pessoas. A frequência de patologias do segmento posterior como causadora de deficiência visual esteve presente em 04 (4%) dos participantes. A prescrição de óculos foi realizada para 72(72,8%) dos participantes, sendo que óculos para correção de presbiopia foi prescrito para 35 (35,4%) e para correção de erro refrativo e presbiopia em 16 (16,2%) da amostra.
Nessa população em situação de rua, o diagnóstico de deficiência visual por causas tratáveis foi substancial e a imensa maioria foi corrigida com fornecimento de óculos no final da avaliação oftalmológica. Diminuir as barreiras de acesso à serviços com avaliação oftalmológica e refração de qualidade, em locais com facilidade de acesso. Além do fornecimento de óculos sem prejuízo financeiro as pessoas desse segmento populacional
Área
Geral
Autores
DAIANA KARINE CANOVA, PEDRO HENRIQUE OLIVEIRA KODAMA, BARBARA REGINA VIEIRA, JOAO PAULO ESSADO FIGUEIREDO, DARA GOMES SOUZA, AMANDA QUINHONES SACCO, ARTHUR G FERNANDES, JAYTER SILVA PAULA, NIVEA NUNES FERRAZ, CASSIA SENGER, MARIA DE LOURDES VERONESE RODRIGUES, SOLANGE R SALOMÃO, JOAO MARCELLO FURTADO