Jornada Paulista de Oftalmologia (UNICAMP)

Dados do Trabalho


Título

QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA A VISAO EM PACIENTES TRATADOS POR SIFILIS OCULAR

Resumo

OBJETIVOS: Descrever a qualidade de vida relacionada à visão em pacientes tratados por sífilis ocular, assim como identificar possíveis fatores de risco relacionados ao pior desempenho na avaliação da função visual.
MËTODO: Estudo transversal com indivíduos maiores de 18 anos, tratados por sífilis ocular no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil, realizado entre o mês de agosto de 2016 e abril de 2019. Todos os pacientes que consentiram em participar da pesquisa foram submetidos a exame oftalmológico padrão e orientados a responder a versão validada para a língua portuguesa do Questionário de Função Visual com 25 itens do National Eye Institute (NEI-VFQ-25, de sua sigla em inglês), após completarem terapia antibiótica específica para o Treponema pallidum. Foram registrados os dados referentes ao sexo, idade, classificação anatômica da uveíte à apresentação, coinfecção pelo HIV e tipo de tratamento em formulário específico. O teste de qui-quadrado de Pearson, o teste t de Student e o teste U de Mann-Whitney foram utilizados para avaliar e comparar diferenças entre os grupos, com valor de p<0.05 sendo considerado estatisticamente significante.
RESULTADOS: Um total de 32 pacientes (51 olhos) foram incluídos no estudo, sendo 24 homens, 7 mulheres e 1 transgênero, com idade entre 23 e 80 anos (idade média de 47,8 ± 16,1 anos, mediana de 47,5 anos). Indivíduos com acuidade visual corrigida pós-tratamento  20/50 no melhor olho apresentaram redução significativa da pontuação nas subescalas de visão geral (74.2 ± 15.3 vs 50.8 ± 28.0; p <0.05), atividades de perto (81.1 ± 18.9 vs 48.7 ± 22.0; p <0.05), atividades a distância (82.2 ± 18.6 vs 45.0 ± 25.2; p <0.05), relações sociais (89.5 ± 17.7 vs 62.5 ± 39.7; p <0.05), saúde mental (67.7 ± 20.5 vs 31.7 ± 18.9; p <0.05), dificuldades gerais (80.8 ± 21.7 vs 30.0 ± 22.5; p <0.05) e dependência (89.6 ± 20.5 vs 53.2 ± 25.5; p <0.05), assim como na pontuação composta média (81.2 ± 15.2 vs 50.5 ± 18.7; p <0.05). Pacientes com mais de 40 anos de idade tiveram scores significativamente reduzidos na pontuação composta média (91.0 ± 6.3 vs 67.3 ± 19.6; p <0.05) e nas subescalas de atividades de perto (93.4 ± 6.2 vs 65.4 ± 22.9; p <0.05), atividades a distância (91.4 ± 10.9 vs 66.8 ± 25.5; p <0.05), relações sociais (98.6 ± 3.2 vs 77.1 ± 28.1; p <0.05), saúde mental (76.8 ±14.0 vs 52.6 ± 24.9; p <0.05), dificuldades gerais (95.0 ± 7.8 vs 58.9 ± 29.0; p <0.05), visão periférica (95.5 ± 10.1 vs 63.1 ± 26.9; p <0.05), direção (89.2 ± 11.8 vs 35.9 ± 37.8; p <0.05) e dependência (98.9 ± 2.4 vs 74.3 ± 28.1; p <0.05). Idade, sexo, coinfecção pelo HIV, lateralidade, classificação anatômica da uveíte à apresentação e modalidade de tratamento não tiveram influência estatística nos resultados do NEI-VFQ 25.
CONCLUSÃO: Nossos achados, em concordância com observações prévias que apontam melhor desfecho visual nos pacientes em que esta condição é prontamente reconhecida, sugerem que o diagnóstico e tratamento precoces da sífilis ocular podem melhorar a qualidade de vida relacionada a visão nos pacientes em recuperação após tratamento.

Área

Uveítes

Autores

MILENA SIMOES FREITAS E SILVA, TIAGO E ARANTES, RENATA MORETO, JUSTINE R SMITH, JOAO MARCELLO FORTES FURTADO