Dados do Trabalho
Título
AVALIAÇAO DA INFLUENCIA DA VARIABILIDADE GLICEMICA SOBRE A ESPESSURA CENTRAL DA RETINA COMO MARCADOR PRECOCE DE RETINOPATIA DIABETICA: RESULTADOS DO BRAZILIAN DIABETES STUDY
Resumo
A retinopatia diabética (RD) afeta um terço dos pacientes com diabetes tipo 2 (DM2), firmando-se nestes pacientes como a principal causa reversível de cegueira e perda de anos de vida com qualidade. O desenvolvimento de novas técnicas de avaliação retiniana, em particular a tomografia óptica de coerência (OCT) para medida da espessura central da retina (ECR), destaca-se como método não invasivo para detecção de pacientes com fases iniciais da doença, nas quais a intervenção oportuna oferece maior benefício. Nesse sentido, sabe-se que em pacientes com diabetes e sem edema macular, a fisiopatologia da diabetes – que envolve disfunção microvascular, ativação de vias apoptose e resposta inflamatória sistêmica – cursa com degeneração retiniana que promove a redução da ECR. Clinicamente, pacientes com redução da ECR são mais propensos a evoluírem para perda de acuidade visual por retinopatia. Nesse contexto, previamente demonstrou-se que não apenas o mal controle glicêmico, mas também a amplitude da variabilidade glicêmica (VG) se relaciona a perda de acuidade visual. Diante desta observação, o presente projeto foi formulado para averiguar, em indivíduos com DM2 com acuidade visual preservada, se a exposição a maior VG é também relacionada à menor espessura de ECR como marcador precoce de RD. Métodos: Este estudo foi uma análise transversal em coorte prospectiva de dados de pacientes envolvidos no Brazilian Diabetes Study, conduzida pelo Centro de Pesquisas Clínicas da Unicamp. Serão incluídos todos os pacientes que apresentam avaliação retiniana com medida de ECR e ao menos 2 medidas de HbA1c. A VG será calculada como a variação absoluta média da glicemia (MAGE). Para fins de comparação, os pacientes acima e abaixo da mediana de MAGE para nossa amostra serão classificados como alta VG (VG +) e baixa VG (VG -). Na sequência, os grupos serão utilizados como variável independente de modelo de regressão ordinal que terá como variável dependente os tercis de ECR. Esse estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FCM – Unicamp (CAAE: 89525518.8.1001.5404). Resultados: No presente estudo, dados de 179 foram analisados, sendo 114 (63.7%) pacientes masculinos com idade média de 58±7 anos e com diabetes há 8.6±6.4 anos. A quesito dos exames laboratoriais, observa-se: HbA1c média de 7.67±1.12, coeficiente de HbA1c de 8.30±7.25, MAGE médio de 3.15±3.15 e 269±25.6 de ECR médio. Após a separação por tercis de ECR, notou-se que sexo masculino e HbA1c diferiram entre os grupos, no entanto, não houve associação entre VG e tercil de ECR. Em regressão ordinal ajustada, cada aumento de 1% de HbA1c correspondeu a uma chance de 12% menor do paciente encontra-se no tercil superior de ECR OR -12,9 [intervalo de confiança de 95% (IC): -22,80 a -3,00, p < 0,05]. Conclusão: Em pacientes com DM2 sem retinopatia diabética, a VG medida pelo MAGE não teve uma relação independente com a espessura central da retina.
Área
Retina
Autores
DANIEL CAMPOS DE JESUS, JOAQUIM BARRETO ANTUNES, FERNANDO CHAVES, VICENTE H. R. FERNANDES, MAURICIO ABUJAMRA NASCIMENTO, RODRIGO P. C. LIRA, WILSON NADRUZ, CARLOS ARIETA, ANDREI C SPOSITO