Dados do Trabalho
Título
TUMOR VASOPROLIFERATIVO DA RETINA: MULTIPLAS OPÇOES TERAPEUTICAS
Resumo
INTRODUÇÃO: O tumor vasoproliferativo da retina (TVPR) é uma lesão benigna e rara originada de proliferação gliovascular. Ele pode estar associado a condições prévias (secundários) ou, em sua maioria, surgirem de forma idiopática (primários)1,2. Predominam em mulheres entre 40-50 anos3. Não há um consenso sobre o manejo ideal dessa doença, existindo múltiplas opções terapêuticas disponíveis4. Desta forma, este relato tem como objetivo apresentar o caso de uma paciente com esse diagnóstico e discutir as abordagens utilizadas em seu tratamento. RELATO DO CASO: Mulher, 44 anos, procurou atendimento relatando fotopsia no olho esquerdo (OE) há duas semanas. Negava antecedentes oftalmológicos e comorbidades. Ao exame, a acuidade visual com correção em ambos os olhos foi de 20/20 e a biomicroscopia sem alterações. À fundoscopia, OD dentro da normalidade e OE com lesão retiniana de aspecto elevado temporal inferior periférica com exsudatos e alterações vasculares. Feito retinografia UWF reforçando os achados anteriores, ecografia evidenciando tumor sólido de alta refletividade interna inferotemporal de 1,8x4,6mm, associada a descolamento de retina de 13x14mm e angiofluoresceinografia revelando enchimento precoce na fase arterial com hiperfluorescência crescente e extravasamento tardio, suspeitando-se de TVPR. Tratada inicialmente com aflibercept e fotocoagulação a laser, que foi repetida 2 meses após. Apresentou evolução favorável do quadro clínico com regressão do tumor e das alterações retinianas e vasculares descritas anteriormente. DISCUSSÃO: Várias modalidades de tratamento para TVPR já foram descritas, incluindo conduta expectante, crioterapia, fotocoagulação a laser, terapia fotodinâmica, braquiterapia, ressecção cirúrgica, injeções intravítreas, imunomoduladores e combinações. A decisão terapêutica evolve diversos fatores. Lesões pequenas, indolentes e sem repercussão podem ser observadas e monitoradas. No entanto, em tumores que demonstram progressão ou associados a complicações, o tratamento se faz necessário. Uma propedêutica adequada, incluindo exames complementares convenientes, favorece a determinação da melhor conduta a ser adotada em cada caso5. Observa-se desfechos favoráveis em terapias não invasivas e cirúrgicas, desde que bem indicadas6. CONCLUSÃO: O TVPR envolve um manejo desafiador, ainda que exista muitas terapêuticas. As decisões devem ser individualizadas e cautelosas visando-se melhor prognóstico. Mais estudos são necessários nessa área.
Referências Bibliográficas
1. Crespo Carballés MJ, Sastre-Ibáñez M, Prieto Del Cura M, Jimeno Anaya L, Pastora N, Quijada Angeli S. Retinal vasoproliferative tumor (Retinal reactive astrocytic tumor). J Fr Ophtalmol. 2019 Dec;42(10):e455-e458. doi: 10.1016/j.jfo.2019.05.033. Epub 2019 Jul 8. PMID: 31296349.
2. Rennie, I. Retinal vasoproliferative tumours. Eye 24, 468–471 (2010). https://doi.org/10.1038/eye.2009.305
3. Damato B. Vasoproliferative retinal tumour. Br J Ophthalmol. 2006 Apr;90(4):399-400. doi: 10.1136/bjo.2005.086066. PMID: 16547310; PMCID: PMC1857008.
4. Temblador-Barba I, et al. Actualización sobre el manejo del tumor vasoproliferativo. Arch Soc Esp Oftalmol. 2018. https://doi.org/10.1016/j.oftal.2018.01.005
5. Smith J, Steel D. The surgical management of vasoproliferative tumours. Ophthalmologica. 2011;226 Suppl 1:42-5. doi: 10.1159/000328209. Epub 2011 Jul 22. PMID: 21778779.
6. Mares V, Veloso CE, Pulido JS, Nehemy MB. SURGICAL OUTCOMES OF VASOPROLIFERATIVE RETINAL TUMORS' REFRACTORY TO NONINVASIVE THERAPIES. Retina. 2022 Sep 1;42(9):1772-1779. doi: 10.1097/IAE.0000000000003520. PMID: 35994586.
Área
ONCOLOGIA (Trabalhos)
Instituições
HOSPITAL SÃO GERALDO (HC-UFMG) - Minas Gerais - Brasil
Autores
CAIO GODINHO CALDEIRA, FERNANDO ANTONIO CARNEIRO BORBA CARVALHO NETO, FELIPE AUGUSTO CASSEB DOS SANTOS, LIVIA NUNES BARBOZA DUARTE, KARINA AZEVEDO LOBO, THAÍS GODINHO CALDEIRA DE ARAÚJO, CARLOS EDUARDO DOS REIS VELOSO, MÁRCIO BITTAR NEHEMY