Dados do Trabalho

Título

EMERGENCIA HIPERTENSIVA EM PACIENTE DE 25 ANOS: DIAGNOSTICO FEITO A PARTIR DE EXAME OFTALMOLOGICO

Resumo

Introdução:
Objetiva-se relatar o caso de um paciente jovem com retinopatia hipertensiva grau IV e a importância do exame oftalmológico na investigação de doenças sistêmicas.

Relato de caso:
Masculino, 25 anos, previamente hígido, compareceu à urgência oftalmológica com queixa de baixa acuidade visual em ambos os olhos (AO) com 7 dias de evolução. Ao exame: acuidade visual corrigida (AVCC): 20/400 AO. À biomicroscopia: observado apenas aumento de celularidade em vítreo anterior AO. Pressão intraocular (PIO): 14 mmhg AO. Ao mapeamento de retina de AO: vítreo claro, edema de disco óptico, hemorragias em chama de vela e exsudatos algodoados peridiscais, descolamento seroso em mácula, múltiplas lesões profundas amareladas em polo posterior e média periferia compatíveis com infartos coroidianos, aumento da tortuosidade vascular e do reflexo dorsal arteriolar e cruzamentos arteriolovenulares patológicos. À tomografia de coerência óptica macular (OCT): grande descolamento seroso, irregularidades na retina interna e retinosquise AO. Aferida pressão arterial sistêmica (PA): 240 x 160 mmHg. Realizada internação hospitalar para controle da PA e investigação diagnóstica. Na propedêutica constatou-se insuficiência renal aguda associada à anemia hemolítica e plaquetopenia. Não chegou-se a um diagnóstico etiológico definitivo. Recebeu alta com medicações orais anti-hipertensivas e manteve seguimento ambulatorial com a equipe de nefrologia. Em consulta oftalmológica após a alta hospitalar, apresentava AVCC: 20/30 em olho direito (OD) e 20/25 em olho esquerdo (OE). Ao mapeamento de retina: vítreo claro, edema de disco mantendo melhora progressiva, ausência de hemorragia intrarretiniana ou de exsudatos algodoados, ausência de descolamento seroso e melhora importante dos infartos coroideanos AO. À OCT macular: discreta hiperreflectividade de segmento externo de fotorreceptores em região foveal de OD, rarefação de fotorreceptores no feixe papilomacular de OE, irregularidades no epitélio pigmentado da retina (EPR) AO e ausência de líquido sub-retiniano.

Discussão:
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) pode ocasionar alterações em diversos órgãos, entre eles, o olho. Assim, o exame oftalmológico pode fornecer informações importantes acerca do quadro clínico, direcionando propedêutica e tratamento.

Conclusão:
O caso clínico descrito evidencia a importância do exame oftalmológico no diagnóstico de condições sistêmicas graves que podem ameaçar a vida do paciente.

Referências Bibliográficas

1. Sakata K, Sakata V, Barreto Jr. J, Bottós KM, Bottós JM, Duarte Filho NP, et al. Hipertensão e retinopatia hipertensiva. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia. 2002 Mar;65(2):207–11.

2. Avila M, Lavinsky J, Moreira Júnior CA, Alves MR (coord.). Retina e vítreo. 3ª edição. Rio de Janeiro: Cultura Médica; Guanabara Koogan; 2013. (Oftalmologia Brasileira/CBO).