XII Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

ESTRABISMO SECUNDARIO A CARCINOMA DE TIREOIDE: RELATO DE UM CASO

Resumo

Introdução: A principal causa de diplopia binocular em adultos são as paralisias, seguidas dos distúrbios da tireoide(1). A associação mais encontrada é com hipertireoidismo, mas também pode ocorrer na tireoidite de Hashimoto, no câncer de tireoide, em eutireoideos e em hipotireoideos, fazendo-se importante a pesquisa dos auto-anticorpos(1). O quadro ocular muitas vezes persiste mesmo após estabilização hormonal(1,2,3). O reto inferior é o músculo mais afetado, talvez por ser o mais volumoso e de maior tônus(2). O tratamento ocular cirúrgico deve ocorrer após a fase inflamatória(2,3).
Descrição: Paciente do sexo feminino, 56 anos, com diplopia vertical há 2 anos. Realizou tireoidectomia total para carcinoma papilífero de tireoide há 2 meses, com T4 livre normal, usando levotiroxina. A tomografia de 1 ano atrás e a ressonância recente demonstraram espessamento do músculo reto inferior esquerdo. Ao prisma e cover, hipotropia esquerda 50DP com fusão. Dução ativa +4 de depressores e -4 de elevadores do olho esquerdo, com este olho atingindo apenas a linha média na tentativa de elevação. A dução forçada peroperatória foi positiva para elevação. Iniciou-se com retrocesso do reto inferior de 10mm e ajustado para 8,0 mm, em rédea com vicryl 6-0, finalizando sem desvio vertical. Evoluiu com hipotropia 35DP que não variou em 4 meses, optou-se pela plicatura do reto superior esquerdo de 10mm. Evoluiu com ortoforia na posição primária, láteros e infraversões, restando discreta hipotropia em supraversões com boa melhora da elevação do olho esquerdo.
Discussão: O estrabismo foi o sinal clínico que levou à investigação do status da tireoide neste caso. O tratamento de escolha para o estrabismo restritivo secundário à doença ocular da tireoide é o retrocesso do músculo acometido e a resposta é variável, por isso a preferência por cirurgia ajustável pela maioria dos autores(3). A média de resposta é de 3-4 DP por mm(2), sendo que neste caso foi menor que 2DP por mm de retrocesso, o que nos leva a crer que o reto inferior se fixou na esclera antes dos 8,0mm e fala a favor em se fazer uma reinserção escleral nestes casos, como sugerido por alguns autores(2). A cirurgia de reforço muscular deve ser evitada(1), porém em casos como o descrito, com desvio de grande ângulo e acometimento unilateral, pode ser necessária.
Conclusão: O retrocesso em rédea do músculo fibrosado não cumpriu seu papel em resolver a diplopia, fazendo-se necessário o reforço do músculo antagonista.

Referências Bibliográficas

1 Lee HJ, Kim SJ. Thyroid autoantibodies in adults with acquired binocular diplopia of unknown origin. Sci Rep. 2020 Mar 25;10(1):5399.
2 Harrad R. Management of strabismus in thyroid eye disease. Eye (Lond). 2015 Feb;29(2):234-7.
3 Wallang, B.S., Kekunnaya, R. & Granet, D. Strabismus Surgery in Thyroid-Related Eye Disease: Strategic Decision Making. Curr Ophthalmol Rep 1, 218–228 (2013).

Área

ESTRABISMO (Trabalhos)

Instituições

UNIDADE PAULISTA DE OFTALMOLOGIA - São Paulo - Brasil

Autores

EDILUCE OLIVEIRA FERNANDES, MARIA AMÉLIA VALLADARES MELO, NATÁLIA CARVALHO, PHOLLYANNA KARLA GRISENDI, ANDRÉ ALEXANDRE RAPOSO DINIZ, ANGELA CRUVINEL GUIDORIZZI, GABRIELA OLIVEIRA FERNANDES