Dados do Trabalho
Título
RETINITE POR CITOMEGALOVIRUS EM CONTEXTO DE MANIFESTAÇAO PRIMARIA POR SIDA: UM RELATO DE CASO.
Resumo
INTRODUÇÃO: A retinite por citomegalovírus (CMV) é a complicação ocular mais grave que acomete principalmente pacientes com o vírus da imunodeficiência humana (HIV). A maioria dos casos está relacionado à reativação da infecção latente. Antes da disponibilidade da terapia antirretroviral (TARV), a incidência de retinite por CMV era alta, diminuindo após a introdução desse tratamento¹. Essa doença é caracterizada histologicamente por necrose retiniana de espessura total e edema que é posteriormente substituído por tecido cicatricial fino e atrófico. Acredita-se que tal inflamação resulta da disseminação hematogênica do CMV para o olho e pode evoluir para cegueira e, em alguns casos, para doença sistêmica potencialmente fatal². DESCRIÇÃO DO RELATO DE CASO: Sexo masculino, 33 anos, negava comorbidades e uso de medicamentos associados. Há seis meses da admissão, evoluiu com perda de peso não intencional e diarreia sanguinolenta. Em março de 2023, recebeu o primodiagnóstico de HIV com CD4 de 181 células/mm³, após observação de candidíase esofágica, sendo iniciado tratamento com TARV. Após 2 meses, manteve diarreia recorrente e ao exame de colonoscopia ulcerações em cólon foram evidenciadas. Em avaliação oftalmológica realizada no leito, foi observada ausência de hiperemia conjuntival em ambos os olhos, disco normocorado, mácula com brilho preservado, retina aplicada, arcadas vasculares com hemorragias e exsudatos em absorção sugestiva de retinite por CMV. Em olho direito, alteração de brilho macular. Foi prescrito ganciclovir em dose de indução para CMV por 21 dias e tratamento de manutenção. DISCUSSÃO: O diagnóstico inicial de HIV nesse paciente e a consequente imunodepressão encontrada nos exames laboratoriais é claramente a causa do achado retiniano. Apesar de ser mais provável que essa doença se desenvolva em pessoas com níveis de CD4 menor que 50 células/mm³, no caso apresentado, há uma elevação dos linfócitos CD4, constituindo diagnóstico de manifestação primária da síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA)³. Esse achado enfatiza o fato de que o paciente apresenta imunossupressão grave, propiciando uma infecção oportunista por CMV disseminada⁴. CONCLUSÃO: Conclui-se que, o uso de ganciclovir tem um potente impacto para melhor desfecho na retinite por CMV em pacientes com HIV. Com isso, o diagnóstico e tratamento precoce são fatores indispensáveis para se obter melhor prognóstico visual em pessoas acometidas e evitar possíveis recidivas da doença.
Referências Bibliográficas
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2 Jabs, D. A., Ahuja, A., Van, M. L., Dunn, J., & Yeh, S. (2013). Comparison of Treatment Regimens for Cytomegalovirus Retinitis in Patients with AIDS in the Era of Highly Active Antiretroviral Therapy. 120(6), 1262–1270. https://doi.org/10.1016/j.ophtha.2012.11.023
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4 Heiden, D., Tun, N., Smithuis, F. N., Keenan, J. D., Oldenburg, C. E., Holland, G. N., & Drew, W. L. (2019). Active cytomegalovirus retinitis after the start of antiretroviral therapy. British Journal of Ophthalmology, 103(2), 157–160. https://doi.org/10.1136/bjophthalmol-2018-312406
Área
RETINA (Trabalhos)
Instituições
Faculdade da Saúde e Ecologia Humana - Minas Gerais - Brasil
Autores
LUIZA CAROLINA DE SOUZA TEIXEIRA, ISABELLA CONSTANCIA DE FARIA MONTEIRO, LUIZA OLIVERIA MARTINS , THAYNA KATHLEEN PEREIRA MARTINS DE PAULA , GLAUCIENE PRADO ALVES