Dados do Trabalho
Título
ESOTROPIA EM PACIENTE COM SINDROME DE EVANS : RELATO DE CASO
Resumo
Introdução: A síndrome de Evans (SE) é uma doença autoimune de etiologia indefinida, definida pela primeira vez em 1951[1]. Apresenta-se como anemia hemolítica autoimune de anticorpos quentes associada à púrpura trombocitopênica imune (PTI). Sua coexistência com o estrabismo é documentada em alguns trabalhos. Relatamos um caso de uma paciente com estrabismo portadora dessa patologia.
Relato de caso: I.B.A.S; sexo feminino, 7 anos, atendida devido a estrabismo por esotropia (ET) desde o nascimento, porém mais evidente desde os 4 meses, tendo como comorbidades a SE associada a PTI e déficit cognitivo. Sem antecedentes oftalmológicos ou história familiar de estrabismo. Realizado teste de cobertura com correção, no qual observou-se uma esotropia apresentando ângulo de desvio para longe: 20 DP + HT E/D 4 DP e perto: HT 16 DP + E/D 4 DP. Acuidade visual 20/20 na tabela de figuras em ambos os olhos (AO). Erro refracional de +2,00 / -0,50 x 180 no olho direito (OD) e +2.00 / -1.00 x 180 no olho esquerdo (OE). Em uso de oclusor ocular há 2 anos. Atualmente, 2 horas por dia alternadamente. Apresentava nistagmo horizontal, sem outras alterações na biomicroscopia AO e no fundo de olho AO. Movimentação ocular extrínseca com restrição de oblíquos inferiores em ambos os olhos (+1,00). A mãe da paciente optou por não abordar cirurgicamente.
Discussão: A SE é uma doença rara, com incidência anual estimada de 1 a 3 casos por 100.000 habitantes [1], que possui tratamento direcionado à doença de base e uso de corticosteróides. Sabe-se que por se associar a PTI, em alguns casos, ocorre dano cerebral associado a alteração na função da musculatura extrínseca ocular, e essa é uma das causas de estrabismo nas crianças, podendo justificar o caso relatado acima. Dessa forma, o tratamento cirúrgico seria a melhor opção.
Conclusão: A SE é uma doença rara caracterizada por múltiplos episódios de descompensação hematológica, que resultam em diversas manifestações, podendo estar relacionada ao estrabismo. Tais repercussões devem ser estudadas para futuramente projetar terapias específicas, que além de melhorar a qualidade de vida dos pacientes, avaliem se há como evitar a incidência do estrabismo nas crianças com essa síndrome. Destacamos que a literatura sobre o assunto, incluindo relatos semelhantes, ainda são escassos.
Referências Bibliográficas
1. Carlotto FM, Eisenreich M, Weberb D, Zanotelli C. Síndrome de Evans como manifestação inicial de lúpus eritematoso sistêmico. Hematol Transfus Cell Ther. 2020; 42 Suppl 1:S597.
2. Vieira JC, Leite DB, Dornelas LF, Batista LA, Crivelaro VR, Vieira DR. Sindrome de Evans em uma paciente com anemia falciforme: um relato de caso. Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti (HEMORIO). 2022; 44 Suppl 2:339-340.
3. Coats DK, Paysse EA. Causes of horizontal strabismus in children. 2023 May. UpToDate. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/causes-of-horizontal-strabismus-in-children?search=causes%20of%20horizontal%20estrabismus%20in%20children&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1
4. Abdu L. Clinical Evaluation of Horizontal Pediatric Strabismus and the Management Challenges. Frontiers in Ophthalmology and Ocular Imaging. IntechOpen; 2019. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5772/intechopen.82547.
Área
ESTRABISMO (Trabalhos)
Instituições
POS GRADUACAO CIENCIAS MEDICAS MG (PGCM-MG) - MINAS GERAIS - BRASIL - Minas Gerais - Brasil
Autores
RAFAELA MALAGOLI DOS SANTOS, LEANDRA AMARANTE RODRIGUES FERREIRA, KAROLLYNE FRANCISCO PRADO