Dados do Trabalho
Título
CERATITE ULCERATIVA PERIFERICA EM PACIENTE PORTADOR DE ARTRITE REUMATOIDE DE LONGA DATA
Resumo
Introdução: A ceratite ulcerativa periférica (PUK) caracteriza-se pela lise estromal associada a um defeito epitelial, afetando a córnea justalímbica. A artrite reumatóide (AR) representa 34% dos casos não infecciosos de PUK, sendo a etiologia mais frequente. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 60 anos, parda, diagnóstico de AR há 20 anos. Compareceu ao serviço queixando-se de dor ocular e fotofobia à direita há 2 dias. Ao exame oftalmológico: acuidade visual corrigida 20/60 em olho direito (OD) e 20/20 em olho esquerdo (OE). Biomicroscopia: hiperemia conjuntival, ingurgitamento de vasos episclerais, ceratite ulcerativa periférica temporal superior corada com fluoresceína, com afinamento e infiltrado inflamatório circundante associados em OD. Pressão intraocular: 11 mmHG em ambos os olhos (AO). Fundoscopia: sem alterações em AO. Tratamento iniciado com uso de lubrificantes sem conservantes, antibioticoterapia profilática tópica, Doxiciclina e corticoterapia oral. Evoluiu no 7º dia com melhora da dor e da fotofobia. Permaneceu com ulceração e afinamento, mas com menor tamanho de coloração pela fluoresceína. Foi mantida a corticoterapia com regressão lenta da dose e realizado encaminhamento a avaliação reumatológica. No 14º dia apresentou cicatrização da ulceração, com permanência do afinamento periférico no local acometido. Negava sintomas, apresentando acuidade visual 20/20 em AO. A lubrificação foi mantida e a antibioticoterapia suspensa. Discussão: A patogênese da PUK tem relação autoimunidade, causando ceratólise periférica por metaloproteinases. Apesar de a córnea ser avascular, a sua periferia tem nutrição pelos capilares perilímbicos, expondo tal porção a imunidade humoral e celular. Em pacientes com AR, autoanticorpos e autoantígenos formam complexos imunes que ativam células B e proteínas do complemento, sendo responsáveis pelo dano tecidual. As células B, além de produzir anticorpos, produzem citocinas para ativação da imunidade celular mediada por células T. A perfuração é uma complicação da PUK, devendo o afinamento ser acompanhado periodicamente. A principal forma de apresentação é unilateral. A presença de PUK em pacientes com doença autoimune indica morbidade e mortalidade significativas. Conclusão: O diagnóstico precoce é importante a fim de prevenir ou limitar a perda visual do paciente. É importante atenção multidisciplinar para diagnóstico precoce, controle da doença sistêmica e menor risco de recidivas.
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Área
CÓRNEA (Trabalhos)
Instituições
UFRJ - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
ARTHUR FRANCO BRUN, MARIANA DE BRITO COLOMBO, JULIA REINBRECHT BRAGA PEREIRA, THALES NAUA PEDREIRA SANDES