Dados do Trabalho
Título
GLAUCOMA OU NEUROPATIA OPTICA CARENCIAL: DESAFIOS NO DIAGNOSTICO DIFERENCIAL
Resumo
Introdução: a neuropatia óptica glaucomatosa e as neuropatias carenciais são condições que podem apresentar semelhanças levando a diagnósticos e tratamentos inadequados em pacientes com comprometimento do disco óptico. O objetivo deste relato é reforçar a importância do diagnóstico diferencial e alertar para os riscos de tratamentos inapropriados. Relato: feminino, 54 anos, tabagista, refere diagnóstico de glaucoma e uso de prostaglandina há 5 anos. Possui história prévia de oclusão de veia central da retina em olho direito (OD) há 3 anos e história familiar negativa para glaucoma. Ao exame, apresentava pressão intraocular (PIO) de 10 mmHg em ambos os olhos (AO), biomicroscopia sem alterações e E/D de 0,6 em OD e 0,75 em olho esquerdo (OE) com palidez de disco óptico bitemporal. Gonioscopia com ângulo aberto até esporão escleral, campo visual sem perdas e acuidade visual de 20/30 em AO. Solicitado OCT que evidenciou padrão de dupla corcova preservado com perda na camada de fibras nervosas temporal em AO. Realizado washout de colírio hipotensor com reavaliação após um mês e paciente apresentou PIO de 14 mmHg em AO. Considerando que a paciente não apresentava critérios diagnósticos para glaucoma primário de ângulo aberto e mantinha PIO dentro da normalidade após suspensão do colírio, foi solicitada extensão propedêutica de neuropatias ópticas carenciais e interrogados diversos diagnósticos diferenciais para o quadro apresentado. Discussão: as neuropatias ópticas carenciais surgem da deficiência de nutrientes, especialmente das vitaminas B12, B1, B3 e ácido fólico1. Elas cursam com perda visual bilateral, simétrica e de gravidade variável, além de discromatopsia2. O campo visual pode apresentar um escotoma central bilateral e o OCT costuma evidenciar atrofia óptica temporal associada à perda da camada de fibras nervosas1,2. O caso clínico apresenta uma paciente já em tratamento para glaucoma, porém com diversas alterações no exame clínico e propedêutico que podem ser indicativos de neuropatia óptica carencial, o que evidencia a importância de uma investigação adequada além do correto raciocínio clínico para evitar uma conduta iatrogênica. Conclusão: o exame clínico minucioso e a análise adequada dos exames propedêuticos são de extrema importância para o diagnóstico diferencial das neuropatias ópticas e para a condução adequada de cada caso. Essa abordagem pode evitar tratamentos desnecessários e iatrogênicos, preservando a saúde e o bem-estar do paciente.
Referências Bibliográficas
1. Bowling B. Kanski: Oftalmologia Clínica: uma abordagem sistemática. 8 ed. Rio de Janeiro: Elsevier: 2016. 928p
2. Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Série oftalmologia brasileira: glaucoma. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. 511p
Área
GLAUCOMA (Trabalhos)
Instituições
Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte (SCMBH) - Minas Gerais - Brasil
Autores
ISABELA SOARES BOA MORTE, BRUNO GRILLO MONTEIRO, REBEKA HAYASHI VICENTE