Coriorretinite Placoide Posterior Sifilítica – Avaliação Tomográfica Pré e Pós Tratamento.
Relatar um caso de coriorretinite placoide posterior sifilítica atendido na Clínica de Olhos da Santa Casa de Belo Horizonte, com ênfase no exame oftalmológico e alterações presentes a tomografia de coerência óptica de domínio espectral (SD-OCT) ao diagnóstico e após 30 dias de tratamento.
AFM, masculino, 32 anos, hígido, compareceu ao referido serviço em março de 2018 relatando redução da acuidade visual em olho direito (OD) há 2 dias. Nega patologias oculares prévias. Ao exame: acuidade visual com melhor correção (AVCC): 20/30 em OD e 20/20 em olho esquerdo (OE). Biomicroscopia sem alterações em ambos os olhos (AO). Fundoscopia (FO) OD: presença de lesão macular placoide de coloração amarelada. OE: sem alterações. Foi realizada a SD-OCT de região macular que evidenciou: rarefação do segmento externo de fotorreceptores maculares bilateralmente, coroidite bilateral e inflamação e espessamento da coriocapilar. Exame complementado com angiografia fluoresceínica que mostrou hipofluorescência inicial por má perfusão coroidiana, pontos de hiperfluorescência tardia na forma de defeito em janela, hiperfluorescência de disco e áreas de extravasamento vascular. Foi sugerida propedêutica para sífilis, tuberculose e sarcoidose como principais etiologias. Exames laboratoriais: VDRL: 1:256; PCR: 7,76mg/L; FTA-ABS: 25,23; PPD: não reagente (NR). Diante da hipótese de neurossífilis, o paciente foi internado para realização de ceftriaxone endovenoso e punção lombar. Exames durante a internação: HBSAG: NR; ANTI HCV: 0,50; ANTI HIV 1 e 2: NR; Avaliação do líquor: VDRL: NR; FTA-ABS IgG: reagente; Glicose: 77mg/dL; proteínas totais: 36,9mg/dL; Citometria e citologia: células nucleadas: 2/mm3; hemácias: 47/mm3; linfócitos: 98%; monócitos: 2%. Realizada antibioticoterapia endovenosa por 14 dias. Alta com AVCC: 20/20 AO e melhora das lesões em fundo de olho. Realizada nova SD-OCT 30 dias após o tratamento que mostrou melhora progressiva da retina externa.
Diante de um quadro de baixa acuidade visual de etiologia coriorretiniana várias hipóteses podem ser aventadas. Com auxílio da SD-OCT foi possível estabelecer os três principais diagnósticos diferenciais, além de demonstrar o acometimento contralateral, não observado à fundoscopia, tornando a propedêutica mais direcionada e facilitando a resolução diagnóstica. A SD-OCT também se mostrou importante no acompanhamento da resolução do caso, evidenciando melhora dos aspectos observados ao exame inicial com a instituição do tratamento.
Geral
SANTA CASA DE BELO HORIZONTE - Minas Gerais - Brasil
ISABELA GONÇALVES SIQUEIRA, LUIS FELIPE DA SILVA ALVES CARNEIRO, ANA FLÁVIA LACERDA BELFORT, VICTORIA MOREIRA FERNANDES, CARLOS EDUARDO MESSINGER SALOMÃO, RAFAEL DAVID VARGAS