PLASMOCITOMA CONJUNTIVAL: RELATO DE CASO
Plasmocitomas correspondem a 3% de todos os casos de discrasias plasmocitárias, sendo mais comumente encontrados em trato respiratório superior (80% dos casos). Plasmocitoma orbital é uma doença de incidência extremamente rara, podendo estar associada ou mesmo preceder o diagnóstico de mieloma múltiplo. Este trabalho visa descrever um caso de plasmocitoma ocular isolado, sem diagnóstico confirmado de mieloma múltiplo após rastreio, bem como seu padrão de apresentação e resposta ao tratamento clínico.
M.G.R.C, 54 anos, mulher, América do Sul. Histórico de sequela de AVC isquêmico 1984 - hemiparesia esquerda e HAS. Em uso de topiramato, AAS, atenolol. Exame oftalmológico normal. Encaminhada por oftalmologista assistente para retirada de lesão na pálpebra superior esquerda. Ao exame, possuía uma massa conjuntival amarelo-rosada medindo 1,5 x 0,8 cm.
À biopsia (jan/2013): amiloidose conjuntival, com infiltrado linfóide associado e neoplasia de células plasmáticas (mieloma/ plasmocitoma). TC de órbitas (maio/2013): espessamento de tecidos moles em pálpebra superior do lado esquerdo, com acometimento de planos profundos. Eletroforese PTN urinárias e séricas sem pico monoclonal + imunofixação com linfócitos policlonais.
Realizada exérese da lesão em Jan/2013, procedimento dito de difícil execução, mantendo lesão residual aderida ao globo ocular em região nasal superior. Submetida, posteriormente, à radioterapia por 4 semanas (28 sessões).
De todos os casos de plasmocitoma extramedular isolado, 15% evoluirão para mieloma múltiplo. No caso descrito acima, após a retirada da lesão, em junho de 2013, a paciente foi submetida a 28 sessões de radioterapia totalizando 54 grays, a fim de evitar progressão. Em abril de 2017, apresentou lesão nodular na região cervical que foi removida e evidenciou linfonodo acometido por amplidões consequente a displasia de células plasmáticas. Na época foi também submetida a biópsia de medula que foi normal, afastando diagnóstico de mieloma múltiplo. Portanto, conclui-se que plasmocitomas extramedulares solitários respondem bem ao tratamento radioterápico, apresentando um prognóstico melhor em comparação com os casos de mieloma múltiplo.
Geral
Silvia Andrade Carvalho Rodrigues, Murilo Alves Rodrigues, Bruna Bettini de Abreu, Gabriela Romaniello Soares