Dados do Trabalho


Título

Incisão arqueada com femtosegundo para correção de alto astigmatismo residual pós transplante de córnea e anel intra-estromal

Objetivo

Abordar alternativas para redução do alto astigmatismo residual em paciente pós transplante de córnea, secundário a ceratocone; já submetido a implante de anel intra-estromal quando foi indicada a cirurgia de catarata.

Relato do caso

Paciente, 50 anos, feminino, sem comorbidades sistêmicas, com diagnóstico de ceratocone, compareceu ao serviço de Oftalmologia do IPSEMG, com queixa de baixa acuidade visual (AV) em ambos os olhos (AO). Histórico de transplante de córnea em olho esquerdo (OE) há 27 anos. Ao exame: AV com melhor correção 0,4 em olho direito (OD) e 0,1 em OE. A biomicroscopia apresentava córnea irregular e muito fina em OD; catarata corticonuclear 2+ e enxerto irregular em OE. A fundoscopia e tonometria não apresentavam alterações. A microscopia especular era inviável em OD e foi obtida contagem de 1343 células em OE com padrão de polimegatismo. A topografia de córnea indicava astigmatismo elevado e irregular em AO, sendo em OE astigmatismo de 15,14 dioptrias (K:41,20/56,35x145). Foi realizado teste de lente de contato escleral e a melhor AV obtida foi 0,8 em OD e 0,5 em OE.
Inicialmente foi indicado o implante de dois segmentos (120/250) de anel intra-estromal em OE. No quinto mês a topografia mostrou astigmatismo residual de 10,72 (K:39,72/50,44X146). Como deveria ser abordada a catarata foi realizada facoemulsificação em OE, combinada com incisões arqueadas dentro da área do enxerto corneano, na tentativa de maior redução do astigmatismo. No quinto mês pós cirurgia, houve significativa melhora da AV para 0,7, com a refração de plano -2,00X148 e topografia com ceratometria de 44,87/47,55X108.

Discussão

O relato de caso mostrou uma redução significativa do astigmatismo topográfico de 15,14 para 2,36 dioptrias, frutos de um planejamento cirúrgico cuidadoso e criterioso. É possível, portanto, combinar diferentes estratégias para redução do astigmatismo, como implante de anel intra-estromal e incisões arqueadas, mesmo em pacientes previamente transplantados, sem nomogramas referenciais para cálculo. As incisões arqueadas podem cursar com hipercorreção e irregularidade. Porém, neste caso obteve-se estabilidade e resultado satisfatório.

Área

Geral

Autores

Karen Figueiredo de Magalhães, Gustavo Heleno Albuquerque Temponi, Laura Godinho Mendonça , Layla Caroline Lopes Rocha