Dados do Trabalho


Título

Doença de Vogt-Koyanagi-Harada incompleta aguda – relato de caso

Objetivo

Relatar o caso de uma paciente previamente hígida, atendida em um pronto atendimento de oftalmologia com queixa de baixa acuidade visual progressiva bilateral assimétrica e diagnóstico de doença de Vogt-Koyanagi-Harada (VKH).

Relato do caso

Paciente do sexo feminino, 37 anos, hígida, deu entrada no serviço de urgência de oftalmologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, com queixa de baixa acuidade visual (AV) em olho direito (OD) há 2 semanas, além de cefaléia e vertigem periférica há mais de um mês. Ao exame, apresentava AV de conta dedos a 1 metro em OD e 20/20 em olho esquerdo (OE). Biomicroscopia sem alterações. Na fundoscopia, vítreo silencioso e áreas de descolamento de retina exsudativo em ambos os olhos, com acometimento macular de OD. Em uma semana, apresentou piora da visão de OE, com AV de conta dedos a 2 metros, devido à progressão do descolamento exsudativo para região macular. Todas as sorologias solicitadas foram negativas. A tomografia de coerência óptica (OCT) mostrou múltiplos bolsões com acúmulo de líquido e material hiperrefletivo subretinianos, além de alterações iniciais na camada externa da retina, principalmente de OD. Na angiofluoresceinografia, apresentou numerosos pontos hiperfluorescentes de extravasamento do corante ao nível do epitélio pigmentar da retina, coincidentes com as áreas de coroidite, formando imagem de “céu estrelado”. Com a hipótese diagnóstica de VKH incompleta, a paciente foi encaminhada para internação hospitalar e foi solicitada avaliação da neurologia clínica. Tomografia de crânio sem alterações. Avaliação quantitativa e qualitativa do líquor cefalorraquidiano dentro dos valores de normalidade. Realizado pulsoterapia com metilprednisolona 1g/dia, por 3 dias. Após terceiro dia de tratamento, apresentava AV de 20/80 OD e 20/200 OE, além de redução dos bolsões exsudativos retinianos à fundoscopia. Recebeu alta com prednisona oral 65 mg/dia para seguimento ambulatorial.

Discussão

VKH é uma doença autoimune, rara, multissistêmica que pode acometer tecido ocular, cutâneo, auditivo e meníngeo em suas diferentes fases. O diagnóstico de VKH na fase aguda pode ser um desafio clínico, mas exames como OCT, angiofluoresceinografia e análise de líquor podem auxiliar no reconhecimento dessa condição e favorecer seu tratamento precoce, o que é essencial para o prognóstico visual.

Área

Geral

Autores

Millane Vieira Santos, Lucas Emery Vargas Costa, Rosana Caldeira Monte, Murilo Batista Abud