Dados do Trabalho


Título

Retinopatia solar crônica: relato de caso

Objetivo

Relatar um caso de suspeita de Retinopatia solar.

Relato do caso

Paciente, 48 anos, feminino. Compareceu ao serviço de Retina do Instituto de Olhos Ciências Médicas com queixa de baixa acuidade visual no olho esquerdo (OE). Negava uso de correção. Sem comorbidades e sem patologia oftalmológica pregressa. Negava uso de medicações contínuas. Ao exame, apresentou acuidade visual 20/20 no olho direito (OD) e 20/50 no OE, com a melhor refração. Biomicroscopia sem alterações. Fundoscopia sob midríase medicamentosa, revelou reflexo foveal discretamente diminuído em ambos os olhos (AO), com áreas de hipopigmentação justafoveal no OE. Foi aventada hipótese diagnóstica de pseudoburaco no OE e solicitados exames complementares.
No retorno, a angiografia fluoresceínica mostrou-se sem alterações. Já a tomografia de coerência óptica (OCT) evidenciou descontinuidade focal da zona elipsóide na região do umbus em AO, mais evidente no OE, sugerindo como hipótese diagnóstica retinopatia solar.
Quando questionada, a paciente informou que, na infância, tinha o hábito de olhar fixamente para o Sol.
Foi então orientada sobre os possíveis efeitos danosos da radiação na retina e alertada sobre a importância de evitar tal hábito.

Discussão

A retinopatia solar é caracterizada por uma lesão retiniana induzida por luz devido a um trauma fotoquímico. Tem como causa a visualização direta ou indireta à luz solar, como observação de eclipse solar ou olhar fixo diretamente para o Sol. A reação é dependente da duração e intensidade da exposição à luz e parece ser causada pela luz azul visível e por comprimentos de onda curtos da radiação ultravioleta A. Pacientes jovens com cristalinos transparentes e que usam drogas que fotossensibilizam o olho têm maior risco. Usualmente, a lesão é bilateral e assimétrica, mais evidente no olho dominante. Pode haver resolução espontânea da lesão retiniana em algumas semanas ou desenvolvimento de retinopatia solar crônica. À fundoscopia, esta caracteriza-se como uma lesão amarelada e pequena justafoveal ou como um epitélio pigmentar da retina de aspecto mosqueado. A angiografia fluorescente pode mostrar uma hiperfluorescência pontual por defeito em janela, mas o melhor exame para diagnóstico é o OCT. As lesões solares crônicas no OCT aparecem como uma camada hiporreflectiva na retina externa e perda focal da junção segmento interno/segmento externo dos fotorreceptores. Não há terapia definida para a retinopatia solar, mas é recomendado evitar a exposição patológica à luz.

Área

Geral

Instituições

Instituto de Olhos Ciências Médicas - Minas Gerais - Brasil

Autores

Caroline Campos Martins Pires, Bruna Guimarães Rohlfs, Juliana Batista Viana Correia