Dados do Trabalho

Título

Queimadura Ocular Térmica com Metal Fundido (Relato de Caso)

Objetivo

Demonstrar a evolução e o acompanhamento clínico e discutir os possíveis fatores de mau prognóstico após queimadura térmica grave na superfície ocular e seus anexos que se sucederam ao contato com alumínio fundido a uma temperatura de aproximadamente 700°C.

Relato do caso

Paciente EM, sexo masculino, 31 anos, atendido no Serviço de Urgência do Hospital São Geraldo em 12/02/2018 devido a queimadura do olho direito com alumínio fundido. Logo após o acidente, recebeu os primeiros cuidados no Hospital Regional de Betim, sendo, então, encaminhado ao nosso Serviço. Durante o primeiro exame, após lavagem abundante com SF0,9%, foi retirado um fragmento de alumínio solidificado em fórnice superior, e foi observado à biomicroscopia, uma isquemia límbica de 360 graus (grau IV de Roper Hall), importante edema de córnea, além de necrose e perda de vascularização da conjuntiva até a esclera, em regiões bulbar e tarsal inferiores. Iniciou prontamente com pomada de aminoácidos+vitamina A+cloranfenicol, tropicamida e ciprofloxacino+dexametasona tópicos e doxiciclina e vitamina C oral, todos em doses otimizadas. Apresentava acuidade visual de movimentos de mãos. Nesse dia, o paciente foi encaminhado para o Hospital João XXIII, já com retorno agendado, pois se tratava de um grande queimado. O paciente manteve acompanhamentos regulares nos Setores de Córnea e Plástica Ocular. Nos primeiros dias, exibiu processo inflamatório importante com hipópio. Após algumas semanas iniciou a formação de simbléfaro em fundo de saco superior apesar do uso de lente de simbléfaro. No final de março, apresentou perda de substância em espessura total de pálpebra superior direita levando a lagoftalmo e no mês seguinte, à biomicroscopia, foi observado um afilamento corneano próximo ao limbo superior e optado por realizar tarsorrafia, já que não obteve melhora com lente de contato. Nos meses subsequentes evoluiu com conjuntivalização total da superfície corneana com prognóstico bastante reservado.

Discussão

As queimaduras térmicas estão entre as mais graves lesões da superfície ocular. Enquanto queimaduras leves cicatrizam em poucos dias, as moderadas e graves podem causar necrose isquêmica da córnea, conjuntiva, esclera, íris e corpo ciliar; além de poderem envolver as pálpebras. O principal objetivo do tratamento nesses casos é acelerar a epitelização, suprimir a inflamação e evitar a fusão de tecidos. O desfecho desfavorável, apesar de um tratamento intensivo, deve ser explicado ao paciente desde o início.