Abordagem cirúrgica da blefaroptose em paciente com paralisia parcial congênita de III nervo craniano: relato de caso
Apresentar os resultados da técnica eleita para o tratamento da ptose. Discutir abordagem da ptose em casos de paralisia congênita de III NC.
Paciente admitido aos 11 anos no Setor de Plástica Ocular do Hospital São Geraldo – HC UFMG devido a ptose e oftalmoplegia em OD desde o nascimento. Na posição primária do olhar, OD se encontrava em exotropia e hipotropia, com restrição da motilidade em supra, infra e levoversão. A fenda palpebral era de 4 e 11 mm e a DMR1 -2 e +2 em OD e OE respectivamente. Havia um scleral show de + 2 mm em ambos os olhos. A função do MEPS era de 8 mm e 18 mm. Visão normal. Tamanho e reflexos pupilares normais. Bell diminuído em OD. História de parto a termo, sem complicações na gestação. Pais relatavam ter feito uso de oclusor nos primeiros anos de vida. Após realizadas duas cirurgias de estrabismo foi reencaminhado ao Setor de Plástica Ocular para abordagem da ptose. Proposta mini blefaroplastia com transposição de fenda palpebral e ressecção de aponeurose do MEPS em OD. A blefaroplastia foi realizada para retirar o excesso da pele sobrejacente e facilitar a abertura ocular. Em seguida foi realizada a ressecção do tendão do MEPS, técnica escolhida devido a boa função do músculo. Por último, a margem palpebral inferior foi elevada através da colocação de um espaçador, no caso um enxerto livre de tarso retirado da pálpebra superior. A correção da ptose de forma mais conservadora, mostrou-se satisfatória no que diz respeito a liberação do eixo visual e simetria em relação ao olho contralateral.
A literatura carece de estudos sobre a abordagem cirúrgica da ptose em casos específicos de paralisia congênita de III NC. Em geral, pacientes submetidos à ressecção do MEPS parecem ter resultados melhores do que aqueles submetidos à suspensão frontal, o que pode ser atribuído a maior gravidade destes últimos. A correção da ptose nesses casos é um desafio e a necessidade de mais de um procedimento é comum. No caso em questão, foi optado pela associação de técnicas, uma vez que a literatura mostra aumento das chances de sucesso. A hipocorreção da ptose em paralisia do III NC é desejável, considerando que o reflexo de Bell é alterado. A associação com a técnica de transposição da fenda permitiu que mesmo com a correção da ptose a exposição ocular fosse reduzida, protegendo a superfície corneana de complicações.
Geral
Tábata Passos Ferreira, Danielle Pimenta Viana Trindade, Ana Rosa Pimentel de Figueiredo