Dados do Trabalho

Título

Efeitos da prematuridade na atenção à face humana

Objetivo

A medida do tempo de fixação a uma face associada à medida da acuidade visual permite avaliar o desenvolvimento dessas funções visuais em recém-nascidos. O objetivo deste estudo é comparar o tempo de fixação às faces construída e desconstruída entre recém-nascidos a termo e prematuros com sua acuidade visual.

Métodos

Participaram do estudo 13 recém-nascidos a termo (idade média = 11,5 ± 7,9 semanas) e 19 recém-nascidos prematuros (idade média corrigida para a prematuridade = 11,3 ± 5,6 semanas) saudáveis, sem malformações congênitas, alterações cromossômicas, genéticas e metabólicas, bem como sinais de encefalopatia. O bebê foi acomodado em um bebê-conforto frente a um anteparo que impedia a visualização do entorno. Os estímulos visuais foram duas faces, uma construída (FC) e outra desconstruída (FD) (Fantz, 1961). O tempo de fixação foi cronometrado para as três apresentações de cada face, alternadamente; assim como na troca de cada face (média = 10 segundos). Os cartões de acuidade visual de Teller foram usados para a medida da acuidade visual. As avaliações duravam de 20 a 30 minutos em sessão única.

Resultados

O tempo de fixação à FC foi estatisticamente mais longo que o tempo de fixação à FD para os recém-nascidos a termo (p = 0,028). Para os recém-nascidos prematuros essa diferença não foi encontrada (p=0,070). Não houve diferença significativa do tempo de fixação à FC (p = 0,062) e à FD (p = 0,346) e para a acuidade visual (p = 0,482) entre recém-nascidos a termo e prematuros.

Conclusões

Bebês prematuros não apresentaram preferência pela face construída. Como o reconhecimento de faces é uma função visual preditora para o desenvolvimento da atenção, comunicação e interação social do recém-nascido, e está envolvida no desenvolvimento da orientação espacial e reconhecimento de objetos (Fantz, 1961), este resultado sugere que bebês prematuros deveriam ser avaliados quanto a esta função. Entre as alterações funcionais causadas pela prematuridade, distúrbios na atenção à face podem ser identificados no início da vida e deveriam ser levados em consideração no planejamento de intervenções terapêuticas cuja estimulação ocorre em período de intenso desenvolvimento do sistema nervoso central.