Dados do Trabalho

Título

Ceratite infecciosa e seus desafios diagnósticos

Objetivo

Relatar o caso de uma ceratite infecciosa de difícil condução no setor de urgência do hospital São Geraldo.

Relato do caso

Neste trabalho descreveremos o caso de uma paciente com Ceratite infecciosa de difícil tratamento e condução no setor de urgência do Hospital São Geraldo. Trata-se de uma paciente de 58 anos, portadora de insuficiência renal crônica dialítica com quadro de dor ocular e fotofobia iniciados há 3 dias, admitida no setor de urgência do HC-UFMG no dia 28/08, com um quadro de ceratite infecciosa com um padrão circular de 3mm com infiltrado adjacente e discreto edema de córnea. Foi iniciado tratamento tópico com vigamox de 1/1h e solicitado retorno em 2 dias. Entretanto a paciente não aderiu ao uso da medicação proposta e retornou em 30/08 com aumento importante da lesão coreana associado a um hipópio de 1mm localizado no limbo inferior. Após devidas orientações a paciente relata adesão ao tratamento, mas evoluiu com pequena melhora da lesão e manutenção do hipópio nas tres semanas seguintes. Devido a resposta insatisfatória e manutenção de hipopio, foi prescrito esteróide tópico ocasião em que foi observado melhora dramática da lesão e do hipópio por 2 semanas. Entretanto, na semana seguinte houve abertura de nova lesão arboriforme com dobras descemet e piora do edema de córnea quando foi aventada a hipótese de ceratite herpética e iniciado o tratamento com aciclovir oral e tópico, ocasião em que se observou melhora rápida da lesão.

Discussão

As ceratites infecciosas constituem uma causa importante de morbidade no setor de urgência do Hospital São Geraldo. Neste contexto, a definição do agente etiológico e início imediato do melhor tratamento é fundamental para se obter o melhor prognóstico possível. Entretanto, o exame oftalmológico, bem como os exames complementares, podem ser insuficientes para definição imediata da etiologia infecciosa, o que vai impactar diretamente nos resultados do tratamento. Vale ressaltar a importância do acompanhamento frequente da lesão ao longo do tratamento, visto que alterações dramáticas podem acarretar um pior prognóstico ao paciente.